03 jan, 2025 - 17:35 • Tomás Anjinho Chagas
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, rejeitou, esta sexta-feira, qualquer crítica da oposição em relação à forma como o Governo trata os imigrantes em Portugal.
À chegada da abertura do Festival de Cinema Indiano, no Cinema São Jorge, em Lisboa, o número dois do Governo disse mesmo que os partidos à esquerda querem "levantar fantasmas que não existem".
"Toda a gente sabe que o Governo é totalmente a favor das migrações, das comunidades que aqui estão e da sua integração. Sobre isso não há qualquer dúvida e só levanta dúvidas quem quer agitar fantasmas", criticou Paulo Rangel em declarações à Renascença e à SIC.
O ministro dos Negócios Estrangeiros fala num "princípio humanista do Governo" e rejeita críticas como as do Bloco de Esquerda, que acusou o Executivo da AD de adotar uma agenda de extrema-direita na sequência da mega operação policial no Martim Moniz.
"Discursos radicais usados pela esquerda e pela direita radical, em Portugal, sinceramente não têm lugar no Governo. Para esses não há lugar, nós somos a favor do respeito, tolerância e da imigração controlada. Não há uma família portuguesa que não entenda, não vale a pena estar a levantar fantasmas porque eles não existem", repete o ministro.
"Acho que não se tem lido bem a posição portuguesa", é assim que o ministro, que é o responsável máximo da diplomacia portuguesa, responde às críticas sobre a posição portuguesa em relação às polémicas eleições presidenciais em Moçambique.
Recentemente, o Conselho Constitucional moçambicano confirmou os resultados que dão a vitória de Daniel Chapo, candidato da FRELIMO, partido que ocupa o poder desde a descolonização neste país.
Os resultados foram amplamente contestados pela oposição liderada por Venâncio Mondlane, que chegou a criticar Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa por terem reconhecido os resultados. No final do ano, o advogado e o mandatário de Mondlane foram assassinados, o que levou milhares de pessoas às ruas em protestos que têm provocado dezenas de mortes ao longo das últimas semanas.
Com a tomada de posse de Daniel Chapo marcada para dia 15 de janeiro, Paulo Rangel procura clarificar a posição do Estado Português.
"Apelamos ao diálogo entre todas as partes, à cessação de qualquer ato de violência, apelamos a uma reforma eleitoral e damos todo o apoio à comunidade portuguesa", resumiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Rangel acredita que inicialmente até o candidato Venâncio Mondlane percebeu mal a posição portuguesa. "Provavelmente também ele não leu o comunicado português, que também apela a uma reforma eleitoral".