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Rever a lei do aborto? Só no sentido de revertê-la, diz patriarca de Lisboa

10 jan, 2025 - 06:00 • Ana Catarina André

D. Rui Valério diz estar perplexo perante a “ligeireza” com que se fala “sobre algo que é um valor inquestionável como a vida”.

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O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, considera que a lei do aborto representa um “retrocesso civilizacional” e que, por isso, uma revisão da lei da interrupção voluntária da gravidez deveria ir no sentido de a reverter.

“A vida está acima de qualquer apreciação, seja ela de ordem cultural ou de ordem política. A vida é um valor fundamental e, por essa razão, não é referendável. Portanto, fico um pouco perplexo face a esta ligeireza com que nos pronunciamos sobre algo que é um valor inquestionável como a vida humana”, afirma o bispo de Lisboa, dizendo que não esquece as mulheres que sofrem neste contexto.

Para D. Rui Valério, “a revisitar-se a lei [da interrupção voluntária da gravidez] seria no sentido de a aproximar e de a tornar cada vez mais promotora da vida, para responder, antes de mais, a um impulso tipicamente civilizacional e, por outro lado, para responder a um questionamento e a uma necessidade que o País, enquanto sociedade, tem”.

O patriarca de Lisboa sublinha que a “vida é um direito fundamental, constitutivo e construtivo daquilo que é a dignidade do ser humano” e lembra que, para a Igreja, “a lei do aborto é sempre vista como iníqua”.

“Significa o fim da vida, terminar com a vida de um ser humano plenamente reconhecido como tal”, atesta.

Limitações à objeção de consciência podem originar discriminação

Além do prolongamento do prazo legal do aborto, os projetos de lei em discussão esta sexta-feira, no Parlamento, visam, entre outras alterações, a regulamentação do direito à objeção de consciência por parte dos profissionais de saúde, proposta que D. Rui Valério critica: "A consciência, na sua formação e também na sua identidade, é constituída e formada por convicções profundas, por valores, por princípios, por experiências pessoais muito íntimas do ser humano."

“Tocar ou mexer nessa dimensão é uma agressão quase inqualificável”, defende o patriarca, alertando para os riscos de discriminação que a alteração da lei poderia originar.

“Temos que estar atentos, porque poderemos estar a caminhar nesse sentido, ou seja, se o profissional de saúde efetivamente aderir àquilo que é o ditame e o sentido desta alteração da lei, ele vai depois ser aceite ou ser recusado. Isto seria fazer de uma lei, não aquilo que a lei é sempre, que é iluminar o caminho de uma sociedade, o percurso de vida de uma sociedade, de a regular, mas constituir uma lei como princípio de discriminação.”

Comentários
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  • Ines Cabral
    12 jan, 2025 Portugal 00:11
    Quem apoia o aborto!se os seus pais pensassem da mesma maneira !agora estavam calados!será que gostavam?
  • Maria dos Prazeres S
    11 jan, 2025 Cova da Piedade-Almada 04:58
    Não, Não e Não ao aborto - é uma chacina ao ser humano já em formação e a destruição da sociedade. ' se a tua mãe te abortasse tu não eras um ser humano"
  • Isabel Gouveia
    10 jan, 2025 Lisboa 16:18
    Sou contra o aborto, para mim tirar a vida a um ser humano que nem sequer se pode defender, em minha opinião é quem não quer ter filhos há alguns meios para não os ter é só usá-los, por isso espero que essa decisão não vá avante.
  • Rui Montellano
    10 jan, 2025 Lisboa 15:33
    Bom artigo. Gostava de receber mais informações sobre o desenrolar deste assunto. Obrigado. Rui Montellano

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