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Parlamento

Montenegro sobre operação no Martim Moniz: "Tinha de ser assim"

15 jan, 2025 - 15:28 • Tomás Anjinho Chagas , Filipa Ribeiro

Primeiro-ministro está no Parlamento a responder aos deputados dos partidos da oposição. André Ventura perguntou pela operação no Martim Moniz e o líder do Governo clarificou: "Não gosto de ver, mas tinha mesmo de ser assim"

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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, voltou a afirmar que a "chave" do crescimento económico é o investimento. Durante o arranque do debate quinzenal na Assembleia da República, o também líder do PSD insistiu na tecla que tem vindo a bater nas últimas semanas, e que foi a principal tónica da sua mensagem de Natal.

"É importante que, independentemente das nossas diferenças, todos possamos ser um elemento ativo para dar as condições económicas favoráveis que Portugal oferece para acolher investimentos, que criam riqueza, que proporciona o pagamento de melhores salários", afirmou o líder do Governo.

Confrontado com as perguntas do PS, Luís Montenegro assumiu que o Governo "fica preocupado com os despedimentos" que se multiplicam com o encerramento de várias fábricas do setor industrial.

Apesar disso, o líder do Governo assegurou que não vai criar "mais EFACECS", ou seja, que o Estado não vai nacionalizar empresas para as salvar.

Esta quarta-feira, Luís Montenegro está no Parlamento, com o seu Governo, a responder aos partidos da oposição.

Montenegro e a polémica com secretário-geral. “Do ponto de vista do Governo até ficava de borla”

Primeiro-ministro gastou mais de onze minutos para explicar a decisão do Governo e a polémica em torno da escolha do secretário geral do executivo.

Questionado pelo Chega sobre a afirmação que Luís Montenegro utilizou para falar do novo secretário-geral quando disse que Costa Neves vai “pagar para trabalhar”, o Primeiro-ministro esclareceu que é necessário “valorizar a atitude de uma pessoa que se disponibiliza para vir ganhar menos do que ganha”.

Luís Montenegro recorda que numa primeira escolha, em que seria entregue um salário de 15 mil euros, o Governo propôs que o salário continuasse a ser pago pelo Banco de Portugal. “Do ponto de vista do Governo até ficava de borla”, disse.

O Primeiro-ministro realça que os valores atribuídos se podem justificar com o facto de “escolher pessoas mais aptas para preencher objetivos muito exigentes”.

A questão e a polémica gerada com a escolha do secretário-geral do Governo foi colocada pelo Chega, uma insistência que o Primeiro-ministro criticou. “Os senhores estão na rota da pobreza tem entroncamento com a rota da pobreza socialista”, disse.

Montenegro. “Pensamento dos extremos desvirtua qualquer política equilibrada”

Primeiro-ministro é claro e diz que “não concorda” com “os que acham que são todos criminosos”, mas que também não concorda “com os outros que erguem a voz como se não tivessemos de ter política de segurança efetiva”.

Em resposta ao deputado Rui Tavares, Luís Montenegro sublinha que “o pensamento político dos extremos desvirtua.

Antes o deputado do Livre associou o Governo à agenda política dos partidos de extrema direita. "O senhor Primeiro-ministro parece e vai atrás da extrema direita. Parece e entrega os solos à urbanização. Parece que mudou as regras para poder pagar 15 mil euros ao secretário-geral do Governo e quando viu que ficava mal deixa cair a pessoa e mantém a regra".

Primeiro-ministro admite adicionar informações sobre idade, género e nacionalidade no RASI

Luís Montenegro diz que não lhe parece que "seja difícil ou que haja algum problema" na recolha de dados como a idade, género e nacionalidade para o Relatório Anual de Segurança Interna. O primeiro-ministro foi questionado por Rui Rocha sobre a recomendação que a Iniciativa Liberal entregou esta quarta feira no parlamento.

O Primeiro-ministro acrescenta que se fosse para identificar o credo religioso "certamente a discussão teria um enquadramento diferente", no entanto como a proposta é sobre a nacionalidade, género e idade trata-se de um "estudo sociológico que pode ser útil às definições políticas".

Ainda assim, Luís Montenegro vai esperar pela decisão do parlamento sobre a proposta da Iniciativa Liberal e diz estar disponível para aprimorar as políticas para garantir a segurança e "exibir externamente" para quem visita e investe no país.

Montenegro: "Cidadão irregular em necessidade deve ser atendido"

Depois de uma nova ronda de perguntas do PS, Pedro Nuno Santos perguntou o que devem fazer os hospitais no caso de cidadãos em situação irregular, depois de o Governo querer limitar o acesso de estrangeiros ao SNS.

Luís Montenegro respondeu: "É simples, deve ser atendido", secou, para depois distinguir as redes de tráfico ilegal que o primeiro-ministro considera que se aproveitam do SNS em Portugal.

Lei dos solos: Montenegro insiste que vai melhorar habitação

Questionado pela líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, pela Lei dos Solos, que segundo a coordenadora bloquista vai "destruir a preservação do solo agrícola", Luís Montenegro afirma que esse é um "falso argumento".

O primeiro-ministro considera que esta é uma medida para "aumentar a oferta de habitação" e que, se a lei fosse aplicada, ocuparia, no máximo, 1% dos solos agrícolas.

Já Paulo Raimundo, do PCP, acusou o Governo de entregar ao setor privado todos os setores da economia, e Luís Montenegro respondeu que tem "diferenças" na forma como olha para os privados.

André Ventura: "Cidadão ilegal deve voltar para o seu país"

Na sua intervenção, o líder do Chega aproveitou o tema para responder ao líder do PS: "Um cidadão irregular deve voltar para o seu país". E na sua primeira pergunta ao primeiro-ministro, pediu para clarificar a sua posição em relação à mega-operação policial no Martim Moniz, depois de Montenegro ter assumido que a imagem de dezenas de imigrantes com as mãos na parede "não é agradável".

"Porque é que não gostou? Porque eram pessoas do Bangladesh que estavam encostadas à parede?", questionou André Ventura.

Na resposta, Luís Montenegro voltou a repetir que "Portugal é um país seguro" mas vincou que é necessário o policiamento "mais visível" para combater a criminalidade. No entanto, o chefe do Governo sublinha: "O sentimento de insegurança existe".

Mencionando casos como a rixa recente no Martim Moniz ou o assassinato num centro comercial em Viseu, Luís Montenegro assegura que não pode ignorar esses acontecimentos.

Mais diretamente, o primeiro-ministro clarificou: "Apesar desse efeito visual, eu compreendi a ação da polícia e presumi que ela se inscrevia nas melhores técnicas policiais".

"Se me pergunta 'tem prazer em ver pessoas encostadas à parede?' eu respondo claro que não. Preferia que não fosse necessário, mas compreendo que naquela circunstância tinha de ser mesmo assim", vinca Luís Montenegro.

Pedro Nuno: "Não estou tão otimista como o PM"

Na primeira intervenção dos partidos da oposição, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, tomou a dianteira e perguntou a Luís Montenegro qual é a estratégia do Governo para a economia portuguesa, numa altura em que se multiplicam os despedimentos no setor secundário.

"Não estou tão otimista como está o primeiro-ministro", provocou o líder socialista.

Pedro Nuno Santos, num tom irónico, elogiou também o que considera ser a continuação do trabalho do Governo do PS: "Uma das funções mais importantes é também concretizar o que o Governo anterior. Cumprimentamos o Governo por estar a fazê-lo com o PRR e com o investimento estrangeiro".

Pedro Nuno Santos, que foi ministro das Infraestruturas, abordou também o tema do novo aeroporto de Lisboa, para criticar o Governo, que disse que não iria ser necessário um estudo de impacto ambiental - indicação que foi contrariada pelo Supremo Tribunal Administrativo.

Em resposta, Luís Montenegro vincou que a obra já está "adjudicada" e lembrou que o Governo vai recorrer da decisão judicial.

IL pergunta pela reforma da justiça sem ministra da Justiça

No arranque do debate, Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, perguntou diretamente ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, pela reforma na justiça que pediu, esta semana, durante a abertura do ano judicial.

Na resposta, Aguiar Branco pediu que o tema fosse discutido noutra altura, e garantiu que ainda não foi feito qualquer convite, e daí a ausência de convite à ministra da Justiça, Rita Júdice.

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  • Está mal
    15 jan, 2025 País 17:54
    Montenegro recuou em vários pontos, e isso não é bom para um líder. Parece amedrontar-se quando lhe perguntam pelo Martim moniz, apesar de 57 % da população concordar com a rusga e 65% não ver qualquer racismo - o que significa que a Esquerda está a pregar no Deserto - e parece também querer recuar na proibição desse abuso, que é estrangeirada que não vive, não trabalha, nem contribui com nada de impostos por cá, aparecer aqui para tratamentos médicos caríssimos, inteiramente à borliú para eles. Está mal, sr. PM!

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