16 jan, 2025 - 16:42 • Tomás Anjinho Chagas
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegura que o Governo chegou ao seu "limite" e não vai apresentar mais propostas além daquela que foi apresentada na última reunião com os sindicatos que representam os bombeiros sapadores.
O aviso foi deixado durante o discurso em que deu posse ao novo presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, esta quinta-feira no Ministério da Administração Interna, perante uma plateia aonde estavam representantes desta classe profissional.
"Nós, com a última proposta, e é mesmo a última, vamos promover até 2027 uma valorização remuneratória de superior a 37%. Em média, daqui a dois anos, os bombeiros sapadores vão ter um acréscimo de mais ou menos quatro vencimentos mensais", afirmou Luís Montenegro.
Os bombeiros sapadores têm estado em protesto nos últimos meses e pedem a atribuição de um subsídio de risco equiparado às forças de segurança como a PSP e a GNR. No início de dezembro, as negociações foram interrompidas depois de uma manifestação que o Governo que considerou ter sido "coação" , uma vez que teve palco à frente da sede do Executivo no momento em que uma reunião com representantes desta classe estava a acontecer. Os dois lados voltaram a sentar-se à mesa no início de janeiro.
O novo presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, José Manuel Moura, alertou para os desafios do seu mandato, e assume que as alterações climáticas dão espaço a fenómenos mais extremos.
"Não podemos ignorar o impacto das alterações climáticas, cujas principais consequências são a diminuição da disponibilidade de água, do rendimento das culturas, o aumento do risco de secas e redução da biodiversidade, os incêndios florestais e as vagas de calor com uma recorrência cada vez maior", afirma o novo líder da Proteção Civil.
José Manuel Moura assume que é fundamental "uma adaptação dinâmica" para responder a fenómenos extremos como as cheias em Valência ou os incêndios na Califórnia.
Num tom pessoal, o novo presidente da ANEPC afirma que a sua nomeação é o "resultado das suas decisões".
A assistir à cerimónia esteve o Cardeal Américo Aguiar, que se mantém como capelão da Liga dos Bombeiros Portugueses. O também Bispo de Setúbal foi questionado pelos jornalistas sobre a amnistia proposta pela Igreja, que parece não ter consenso dos partidos para ser aprovada no Parlamento.
Dom Américo Aguiar lembra que a amnistia concedida em 2023, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deixou muitas pessoas de fora (por ser só para menores de 30 anos). Mas afasta qualquer controvérsia.
"Não há polémica nenhuma em lado nenhum, o Parlamento é soberano nas suas avaliações, vamos deixar correr o calendário. Há uma coisa que vivo diariamente, vou às cadeias de Setúbal e Montijo e os reclusos dizem-me que foram excluídos porque tinham mais de 30 anos", alerta o Cardeal.
Nas últimas semanas houve desenvolvimentos sobre esta amnistia, com o Bloco de Esquerda a criar um projeto de lei, mas que dificilmente passará no Parlamento, depois de o PSD dizer que "por principio" é contra novas amnistias.