18 jan, 2025 - 14:11 • Alexandre Abrantes Neves com Lusa
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vai pedir uma audição urgente do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) demissionário, António Gandra d"Almeida, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre a polémica em torno da demissão.
Em declarações à Renascença, a deputada do BE, Isabel Pires, assinala que há "questões que devem ser esclarecidas pla transparência no SNS" por Gandra d'Almeida, mas também por Ana Paula Martins.
"Desde logo, como é que foi possível existir esta acumulação de funções e de vencimentos e depois ainda ser nomeado para Diretor Executivo do SNS? Como é que, durante dois anos, houve aqui uma acumulação de funções que, parece-nos, viola o Estatuto do Pessoal Dirigente dos Serviços e Organismos da Administração Central", aponta.
A deputada afirma ainda que a administração pública se deve reger pelo princípio "básico" de evitar conflitos de interesse, de forma a evitar casos como este "que não fazem nada pelo SNS (...) nem pela política de saúde que se quer rigorosa".
"Há que refletir sobre se, de facto, este modelo t(...)
No requerimento que vai ser enviado à comissão parlamentar de Saúde, o BE sugere que a polémica pode ser "condizente com a visão do governo", criticando o processo de escolha de Gandra d'Almeida.
"O governo recrutou-o junto de um núcleo de dirigentes da secção regional da Ordem dos Médicos do Norte com ligações ao PSD e ao CDS, assim como a empresas privadas da área da saúde, a entidades com quem o Estado contratualiza serviços, entre outras", afirma o BE, acrescentando que "do mesmo núcleo saíram já outros nomes, quer para o Governo quer para funções de destaque na área da governação da saúde, casos de Ana Povo, secretária de Estado, ou Eurico Castro Alves, coordenador do plano de emergência que prevê a privatização de vários serviços do SNS ou o desvio de recursos para entidades externas".
O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D’Almeida, pediu esta sexta-feira a demissão do cargo, que já foi aceite pelo Ministério da Saúde. António Gandra D’Almeida pediu para deixar as funções após uma reportagem da SIC noticiar uma alegada incompatibilidade de funções, entre 2021 e 2023: terá arrecadado mais de 200 mil euros ao acumular o cargo de diretor da delegação regional do Norte do Instituto nacional de Emergência Médica (INEM) com serviços como tarefeiro nas urgências de Faro e de Portimão.