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Primeiro-ministro diz que ​gasto de 5% do PIB na defesa "não é exequível"

18 jan, 2025 - 09:39 • Lusa

Donald Trump criticou recentemente as contribuições da Europa para a NATO e sugeriu que os Estados-membros aumentassem as suas despesas com a defesa para 5% do PIB.

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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garante que um gasto de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) definida pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para os países da NATO "não é exequível" a curto ou médio prazo.

"Naturalmente não é exequível no curto prazo, nem no médio prazo, um ratio desses em termos de despesa versus o Produto Interno Bruto (PIB). É preciso termos a noção de que é compreensível que se peça aos estados aliados um esforço maior numa altura onde a resposta também tem de ser maior. Investir na Aliança Atlântica é salvaguardar a nossa soberania e a nossa segurança", apontou.

Luís Montenegro falou com à agência Lusa à margem de uma reunião de dois dias do Partido Popular Europeu (PPE) que decorreu em Berlim, e que termina este sábado.

Donald Trump criticou recentemente as contribuições da Europa para a NATO e sugeriu que os Estados-membros aumentassem as suas despesas com a defesa para 5% do PIB.

"Este governo antecipou um ano, para 2029, atingirmos 2% de despesa na área da defesa face ao PIB, e mantemos firme esse objetivo. Porventura teremos de o reavaliar quando for necessário. Se tivermos de o fazer, fá-lo-emos, não na dimensão que se se vai falando. Creio que não é útil que os líderes europeus andem permanentemente a comentar uma ou outra consideração que é feita pelo presidente dos Estados Unidos. Ninguém ganha muito com isso", salientou, em declarações à Lusa.

Luís Montenegro rejeitou a ideia de que apostar e investir mais na defesa é penalizar os apoios sociais.

"A ideia não é essa. E da nossa parte não o faremos. Quando destinamos mais apoio financeiro para esta área é também para criação de emprego, para podermos pagar mais salários, para podermos desenvolver tecnologias, equipamentos, que por sua vez alimentam outras indústrias", realçou.

"Não devemos entender isto como substituir o investimento que se faz na defesa por investimento que não se faz nas áreas sociais, pelo contrário. Ao investirmos na defesa, criarmos mais recursos financeiros na nossa indústria, teremos também o estado a usufruir desse crescimento e a poder ter mais receita para fazer face às despesas sociais", acrescentou.

O líder do executivo realçou a importância das áreas da defesa e da segurança para desenvolver a economia europeia.

"Ou também colaboramos na produção, e, portanto, podemos fazer repercutir na nossa economia as indústrias com tudo aquilo que elas alavancam em termos de criação de emprego, prestação de serviços, todas as áreas conexas que contribuem desde as matérias até às tecnologias para alimentar uma indústria com esta complexidade e tecnicidade também. Ou nos podemos abastecer e podemos vender aos nossos parceiros e aliados, ou, se não o fizermos, vamos fazer como temos feito até aqui, que é ir comprar fora para dar conta da nossa participação", destacou.

"O projeto que temos, e estamos a trabalhar há muitos meses com uma taskforce entre o ministério da Economia e o ministério da Defesa, para podermos estimular e incentivar a que projetos possam nascer em Portugal, de empresas portuguesas, e também possamos atrair algum investimento direto estrangeiro nesta matéria", adiantou o primeiro-ministro, voltando a lançar um apelo aos empresários portugueses para que invistam e apostem na indústria da defesa.

Luís Montenegro voltou a garantir estar empenhado em continuar o apoio económico-financeiro, político e humanitário à Ucrânia, admitindo que o governo está a cumprir os compromissos que assumiu.

"Estamos a fazer a nossa quota de esforço, e não é assim tão pouca como isso, e tencionamos continuar a dar essa colaboração. Obviamente que sempre fazendo uma correlação entre aquilo que são as nossas contribuições com aquela que é a realidade que possa evoluir", sustentou.

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  • Joaquim
    18 jan, 2025 Paços 23:46
    Dizia-se que 2% do PIB era um absurdo, agora vem falar em 5% por alma de quem? Se aplicasse metade desse valor na Segurança Social, não era preciso obrigar as pessoas a trabalhar até à morte!
  • Querias
    18 jan, 2025 Europa 13:06
    5% só em caso de concentrações de tropas russas de invasão. 3 ou 3,5% chega, até porque a Rússia embora esteja a gastar 6% do PIB, não conseguirá manter por muito tempo esse esforço. Trump fala em 5% porque espera que a Europa "desate" a comprar maciçamente material de guerra à industria militar dos EUA, mas a tônica deve ser o contrário: 3,5% e as aquisições maioritariamente feitas à industria militar europeia, só se comprando aos EUA o que não se produzir cá e só em caso de última necessidade. Quanto a Portugal, Montenegro e quem lhe suceder que tire o cavalinho da chuva: quando chegarem a 2% - e de momento estão muito atrasados - 3% já será o novo normal. E para efetivos de combate treinados e equipados, não para salários e remunerações de promoções como está a acontecer.

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