23 jan, 2025 - 17:48 • Ana Kotowicz , Manuela Pires
Miguel Arruda, suspeito de ter furtado malas no aeroporto de Lisboa e em Ponta Delgada, anunciou esta tarde que vai desfiliar-se do Chega, mas vai continuar no Parlamento como deputado não inscrito. André Ventura, líder do partido, não vê esta solução com bons olhos e lembra que nenhum deputado é eleito sem o apoio de um partido, "só pela sua própria grandeza".
Na reunião que decorreu no parlamento e durou pouco mais de meia hora, André Ventura não conseguiu convencer o deputado a suspender ou renunciar ao mandato de deputado. No imediato, Ventura queria que Arruda ou suspendesse ou renunciasse ao mandato, o que deixaria a bancada parlamentar do Chega sem ser beliscada. É que, caso o deputado passe a não inscrito – como aconteceu, por exemplo, com o Livre (com Joacine Katar Moreira) ou o PAN (Cristina Rodrigues) no passado — o Chega passaria a ter 49 em vez de 50 deputados na sua bancada.
Parlamento
Advogado de Miguel Arruda defende a inocência do d(...)
À saída do encontro entre Arruda e Ventura, o primeiro declarou-se inocente de todas as acusações e disse aos jornalistas que pretende desfiliar-se do Chega. "Para reafirmar a minha inocência não posso estar conotado com qualquer partido", afirmou Miguel Arruda, dando conta da intenção de se manter como deputado não inscrito, ou seja, não abdicando do seu lugar no Parlamento, mesmo que afastado do partido.
À entrada da reunião, André Ventura deixou claro que esta solução não lhe interessa. "Eu pedirei, em nome do grupo parlamentar, que o deputado Miguel Arruda suspenda ou renuncie ao seu mandato."
E referindo-se à questão do mandato de deputado ser pessoal, o líder do Chega referiu que ninguém é eleito sem um partido. "Como se sabe em Portugal o mandato é pessoal. Não obstante o que diz a lei, os mandatos foram integrados num partido, e eleitos por um partido, e ninguém está aqui por sua própria capacidade e grandeza."
Distanciando-se do que aconteceu noutros partidos, Ventura frisou que "um líder" tem de "exigir aos seus" para poder responder perante os eleitores.
"Eu nunca aceitarei situações como ade Lacerda Sales, no Partido Socialista, ou a de Alberto Gonçalves, do PSD, ou o recente deputado que atropelou uma criança [autarca de Sernancelhe]. Nós não aceitaremos uma situação como estas", concluiu o líder do Chega.
O gabinete do presidente da Assembleia da República confirmou à Renascença ter recebido um email de Miguel Arruda onde o deputado pedia ajuda para perceber que passos tinha de seguir para passar a deputado não inscrito.