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Imigração. Ana Catarina Mendes critica "aproximação à direita" de Pedro Nuno Santos

24 jan, 2025 - 15:52 • Susana Madureira Martins

Dirigente do PS vê na entrevista do líder do partido uma "aproximação à direita".

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Ana Catarina Mendes, dirigente do PS e ex-ministra adjunta de António Costa com a tutela das migrações, vê com "alguma estupefação" as declarações ao Expresso de Pedro Nuno Santos sobre imigração, defendendo que as críticas à manifestação de interesse feitas pelo líder do PS alteram "aquilo que tem sido a política de imigração defendida pelo Partido Socialista ao longo dos anos, e sobretudo ao longo dos últimos 30 anos". Além disso, vê na posição do líder do PS "uma aproximação à direita".

Em declarações à Renascença, a eurodeputada socialista fala num "volte-face" por parte do líder do PS e defende que o "fim da manifestação de interesse é uma corrida às máfias para agarrarem as pessoas que estão em situação de extrema vulnerabilidade e que ficam entregues a redes de tráfico de pessoas e entregues à sua sorte".

Ao contrário do que Pedro Nuno Santos defende na entrevista ao Expresso, Ana Catarina Mendes refere que "a manifestação de interesse não é uma chamada de pessoas para vir para Portugal".

Ana Catarina Mendes considera mesmo "um bocadinho contraditório" quando Pedro Nuno de Santos diz que, até o fim do mês, entregará um diploma no Parlamento com um novo instrumento.

"Daquilo que se percebe desta entrevista, esse novo instrumento há de ser, isso sim, a manifestação de interesse", afirma.

Para a dirigente socialista, a manifestação de interesse é um instrumento "absolutamente essencial para debelar um conjunto de fragilidades que possam existir designadamente na rede consular".

Há uma segunda preocupação sobre esta entrevista que deixa "perplexa" e "estupefacta" a eurodeputada do PS, que é a frase de Pedro Nuno Santos sobre a necessidade de quem vem para Portugal "perceber que há uma partilha de um modo de vida, uma cultura que tem de ser respeitada".

Esta posição do líder do PS trata-se, na opinião de Ana Catarina Mendes, de "pedir que haja uma espécie de aculturação". "Eu não vou obrigar as pessoas a terem um comportamento diferente pela sua nacionalidade", diz a ex-ministra.

Por tudo isto, Ana Catarina Mendes vê com "muita preocupação esta mudança de visão estratégica daquilo que deve ser uma política de imigração capaz de integrar a diversidade".

A ex-ministra adjunta de Costa junta-se assim às críticas que já tinham sido feitas por José Luís Carneiro também em declarações à Renascença.

Para Ana Catarina Mendes, a "enorme preocupação" que diz ter passa por concluir que o discurso de Pedro Nuno é "mais próximo da direita do que próximo daquilo que é a defesa do Partido Socialista dos cidadãos estrangeiros que chegam a Portugal", com a eurodeputada a confessar-se "muito espantada que Pedro Nuno Santos tenha ido ao encontro daquilo que o Governo quer que é o fim da manifestação de interesse".

Ana Catarina Mendes conclui que o que a "preocupa" é que o discurso da imigração "começa a ser um discurso crescente ao encontro dos discursos da direita e da extrema-direita por toda a Europa", com a dirigente do PS a avisar que não se pode "parar a imigração, porque não se pára o vento com as mãos".

A opção, aconselha a ex-governante, é que é preciso "saber ter políticas capazes de integrar as pessoas que procuram melhores condições de vida noutros espaços geográficos, seja no continente europeu, seja em Portugal".

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