24 jan, 2025 - 23:16 • Marisa Gonçalves , com redação
As declarações do secretário-geral do PS sobre imigração estão a gerar polémica dentro do partido, mas Ana Gomes coloca-se ao lado de Pedro Nuno Santos.
Em declarações à Renascença, a socialista entende que foram as falhas do Governo de António Costa que deram argumentos à direita e à extrema-direita.
"Não aceito que socialistas, alguns com responsabilidades neste processo, venham tentar tapar o sol com a peneira, escamoteando responsabilidades”, afirma Ana Gomes.
A ex-candidata à Presidência da República culpa o Governo de António Costa de desmantelar o SEF sem ter uma alternativa imediata, “ou pelos menos a AIMA a trabalhar na regularização”.
O anterior executivo também não garantiu “políticas de reforço da inspeção das condições do trabalho, políticas de abertura a refugiados” e de integração, acusa.
“Isto dá munições à extrema-direita e à direita sem princípios que cavalgam essa agenda procurando insinuar que os imigrantes trazem criminalidade, quando não há dados nesse sentido, antes pelo contrário", sublinha Ana Gomes.
Líder socialista recusa recuperar a manifestação d(...)
Nestas declarações à Renascença, Ana Gomes reconhece que o tema gera desconforto no PS: "Há pessoas que não gostam de pôr a mão na consciência nem de reconhecer erros, mas eu acho que um partido sério e que se quer credível aos olhos da população tem de reconhecer erros”.
Ana Gomes considera que aconteceram “várias falhas” e o reconhecimento de Pedro Nuno Santos “é muito bem-vindo”.
“Não considero, de maneira nenhuma, que isso seja, como o Governo e outros querem recuperar, um recentramento ou um virar à direita. Não. É um virar à esquerda que defende a justiça social e os imigrantes."
A socialista considera, por outro lado, que os imigrantes com poder financeiro não são escrutinados.
"Estamos a falar apenas quando aos imigrantes pobres, porque em relação aos imigrantes ricos, àqueles que compram os vistos Gold ou vêm através da nacionalização dos sefarditas, ninguém controla nada. Estamos a falar de um país onde é muito fácil forjar ou comprar certificados de registo criminal", conclui.
PS
Dirigente do PS vê na entrevista do líder do parti(...)
As declarações de Pedro Nuno Santos sobre imigração não caíram bem em antigos membros do Governo de António Costa.
Em declarações à Renascença, Ana Catarina Mendes, dirigente do PS e ex-ministra adjunta de António Costa com a tutela das migrações, vê com "alguma estupefação" as declarações, defendendo que as críticas à manifestação de interesse feitas pelo líder do PS alteram "aquilo que tem sido a política de imigração defendida pelo Partido Socialista ao longo dos anos, e sobretudo ao longo dos últimos 30 anos". Além disso, vê na posição do líder do PS "uma aproximação à direita".
Já o dirigente do PS e ex-ministro da Administração Interna José Luís Carneiro considera que as declarações do líder socialista, Pedro Nuno Santos, ao Expresso sobre imigração “só podem assentar em pressupostos errados” e resultam de uma “informação que conduz a conclusões erradas”.
Em declarações à Renascença, José Luís Carneiro defende as opções dos sucessivos governos de António Costa no que toca ao tema da imigração e, em concreto, a manifestação de interesse, agora criticada pelo líder do PS. “O efeito de chamada de imigrantes, como mostram todos estudos realizados sobre esta matéria, está no crescimento da economia”, defende o dirigente socialista.
Em defesa do líder do PS saiu João Paulo Correia. O dirigente socialista argumenta que manifestação de interesse serviu num determinado ciclo, mas agora é preciso agora encontrar uma alternativa para a imigração.
Ao programa São Bento à Sexta, da Renascença, o deputado e ex-secretário de Estado do Desporto “subscreve na íntegra” as declarações do líder socialista Pedro Nuno Santos e avança que o PS vai apresentar uma proposta sobre imigração nas próximas semanas.