24 jan, 2025 - 09:38 • Manuela Pires , Raul Santos
Os trabalhos parlamentares desta sexta-feira foram interrompidos logo na abertura, depois de o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, ter contestado a presença do deputado Miguel Arruda no seu lugar habitual no hemiciclo.
O presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, decidiu interromper os trabalhos para se reuniur de emergência, no seu gabinete, com os líderes parlamentares. A paragem nos trabalhos durou 10 minutos.
No arranque dos trabalhos, Aguiar Branco tinha informado o plenário de que o deputado açoriano deixava a bancada do Chega e estava presente nos trabalhos na qualidade de deputado não-inscrito. Nestas circunstâncias, Arruda iria sentar-se na última fila da bancada do partido pelo qual foi eleito.
"Passou a deputado não-inscrito, não faz parte do grupo parlamentar do Chega e o lugar respetivo segue aquilo que tem sido sempre a prática quando acontecem coisas deste género, que é passar para a última fila do hemiciclo", anunciou Aguiar Branco.
De imediato, Pedro Pinto pediu a palavra para dizer que o partido não se sente "confortável" com tanta proximidade e lembrar que Arruda não saiu "a bem" do Chega, pelo que temia consequências.
"Nós não nos sentimos confortáveis com o deputado Miguel Arruda sentado ao pé dos deputados do Chega, até porque as coisas, como sabem, não foram pacíficas e eu não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária", disse Pinto, em jeito de ameaça.
Mas a gota de água que levou à interrupção dos trabalhos acabou por ser a intervenção do deputado Rui Tavares, do Livre, que diz estar "chocado pelo silêncio do Chega" sobre a conduta de Miguel Arruda.
"Eu vou querer ler a ata desta reunião, para ver o que não lá está. Alguma vez apareceu a palavra 'pedimos desculpas', 'não fomos nós que o escolhemos' ou 'temos vergonha'. Não quer mandar para as outras bancadas que esta mala aqui fica bem agarrada", disse Rui Tavares.
Ao contrário do verificado noutras situações, desta vez, o presidente da Assembleia da República decidiu interromper os trabalhos para não alimentar a dicussão ruidosa em plenário.
A interrupção dos trabalhos demorou 10 minutos, tendo sido retomados com o "deputado das malas" sentado no mesmo lugar, mas isolado porque os deputados do Chega que estavam sentados ao seu lado abandonaram os lugares em sinal de protesto.
Aguiar Branco explicou que Miguel Arruda manterá aquela posição na bancada do Chega até à próxima reunião da conferência de líderes.
[notícia atualizada às 10h15 com informações mais detalhadas sobre o incidente]