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Desinformação

Chega e Ventura partilham notícia falsa sobre estrangeiros condenados por violação

25 jan, 2025 - 10:08 • Diogo Camilo

Nas redes sociais do partido e do seu líder foram partilhadas notícias com números errados e grafismo semelhante ao do Expresso. As mesmas foram apagadas e no dia seguinte surgiu uma nova versão, também ela com números errados.

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O líder do Chega recusa ter usurpado o grafismo do Expresso para divulgar uma notícia falsa sobre imigrantes condenados por violação, entretanto apagada. André Ventura defende que “não tem de se retratar” e que a publicação foi corrigida - embora permaneça com dados incorretos.

Em entrevista na SIC Notícias esta sexta-feira à noite, Ventura desafiou a jornalista a demonstrar onde a notícia, que cita o presidente da Associação Sindical das Chefias do Corpo da Guarda Prisional, é falsa. Mas as conclusões de Hermínio Barradas não batem certo com os números da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

“Não tenho que me retratar, fizemos a correção que tínhamos a fazer”, disse o líder do Chega, referindo-se a uma segunda publicação, também ela errada.

Sobre a usurpação do grafismo do Chega para uma notícia do órgão de comunicação oficial do partido, André Ventura desvaloriza.

O Chega e o Folha Nacional não podem usar o grafismo que melhor entendem, desde que não seja uma cópia dos outros [meios de comunicação]?”, questionou.

Uma notícia apagada e uma entrevista com citações erradas

O caso começou na quinta-feira, quando André Ventura partilhou uma notícia com o título “Sete em cada 10 condenados por violação são imigrantes. Apenas 29% são portugueses”.

A notícia foi publicada no órgão oficial do Chega, o Folha Nacional, mas no Instagram e no X, as publicações de André Ventura surgiram com a cor azul, tipo de letra e posicionamento de imagem iguais aos do site do Expresso, não correspondendo ao verde da página do Folha Nacional.

A notícia original, entretanto apagada, deu lugar a uma correção e novas publicações de André Ventura: “25% dos violadores nas cadeiras portuguesas são estrangeiros” é o novo título.

No entanto, os números continuam errados. Na nova publicação, o Folha Nacional cita uma entrevista de Hermínio Barradas, presidente da Associação Sindical das Chefias do Corpo da Guarda Prisional, ao semanário Sol.

A entrevista foi divulgada na sexta-feira, um dia antes da primeira divulgação da notícia partilhada pelo Chega e por André Ventura, mas não contém as afirmações que o Folha Nacional cita. Essas foram divulgadas apenas na versão em papel do semanário.

Segundo os números da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), a 31 de dezembro de 2023, estavam detidas por crime de violação 131 pessoas. Destas, 27 eram homens estrangeiros, 102 eram homens portugueses e duas eram mulheres portuguesas.

Assim, a percentagem de estrangeiros condenados a pena de prisão pelo crime de violação é de 20,6% do total - e não mais de 25%.

Hermínio Barradas, que apresenta os mesmos números na entrevista ao semanário Sol que é citada pelo Folha Nacional, indica que os números “representam mais de 25% do total”.

Esta não é a primeira vez que o partido é chamado à atenção por estes motivos. Em agosto de 2023, o Chega foi recriminado pelo regulador da comunicação por usar a imagem da Renascença para "credibilizar mensagens".

Na altura, a Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) advertiu o Chega e André Ventura que as publicações podiam “configurar uma acção de desinformação, na medida em que pretende apoiar-se na imagem daqueles dois órgãos de comunicação social conhecidos do público para credibilizar as mensagens que o próprio pretende promover”.

Ventura admite pressão a Miguel Arruda para sair do partido

Na mesma entrevista à SIC Notícias, o líder do Chega admitiu que pressionou Miguel Arruda para sair do partido, depois do deputado ter sido constituído arguido por suspeita de furto de malas.

“Se eu não saio, mostro que estou mais agarrado ao lugar do que ao meu dever e à minha vontade de representar os militantes. Se isto é fazer pressão, então o meu trabalho de presidente do partido é fazer pressão, é dizer às pessoas o que é que é ética, é exigir responsabilidades”, afirmou Ventura.

André Ventura afirmou ainda que “nada indiciava comportamentos destes” em Miguel Arruda.

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  • Bertolino Vieira
    26 jan, 2025 S. Mamede, Batalha 02:58
    É incrível como um intrujão desta lata tem tanta audiência e apoio de tantos portugueses. A cegueira de muitos é também consequência da falta de credibilidade e de confiança na maioria dos nossos políticos, que são moral e eticamente "rasteiros", muito baixinhos mesmo. Por aqui não vamos longe e o panorama não é nada promissor. Acorda, país, acorda, povo! Está na hora de sermos melhores cidadãos. Oxalá que os mais novos não tenham medo de assumir os valores mais altos da vida, e agarrem os nossos destinos e o nosso futuro com seriedade e honestidade.

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