28 jan, 2025 - 06:30 • Manuela Pires
A Cimeira entre Portugal e Cabo Verde, que se realiza em Lisboa, vai assinalar e reforçar “a relação bilateral de excelência” em termos políticos, económicos e culturais que existe entre os dois países e que é exemplo de integração da comunidade estrangeira em Portugal e em Cabo Verde.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro diz à Renascença que um dos acordos é uma nova linha de crédito para projetos de investimento empresarial num valor até 100 milhões de euros.
A cimeira entre os dois países que ficou decidida em abril, quando Luís Montenegro visitou Cabo Verde, vai contar com 15 ministros dos dois países, com as tutelas da Economia, Finanças, Administração Interna, Justiça, Defesa, Trabalho e Ambiente.
Desta cimeira é esperado ainda o alargamento do programa de conversão de dívida pública em investimento verde, através do Fundo Climático e Ambiental de Cabo Verde, e o reforço da aposta na formação através de Centros de Excelência de Formação Profissional em Cabo Verde cofinanciados por Portugal.
Depois das reuniões entre os ministros que se realizaram na segunda-feira à tarde, na terça-feira de manhã, Luís Montenegro recebe na residência oficial de São Bento o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, para uma reunião de trabalho. Os dois seguem depois para o Palácio das Necessidades, onde vai decorrer a reunião plenária da Cimeira Portugal-Cabo Verde.
Depois de assinados os acordos e do almoço, os dois primeiros-ministros discursam na cerimónia de encerramento do Fórum Económico Portugal-Cabo Verde, que decorre durante todo o dia com o tema “Parceiros estratégicos no investimento nas transições energética e digital”.
Esta é a sétima cimeira entres os dois países. Os encontros bilaterais começaram em 2010 com a assinatura do Tratado de Amizade e de Cooperação entre Portugal e Cabo Verde.
Cabo Verde e Portugal vão assinar um acordo na cimeira que vai permitir a realização de transplantes renais no arquipélago.
Em declarações à agência Lusa, na Cidade da Praia, um dos médicos envolvidos no projeto refere que esta solução vai permitir dar outra qualidade de vida aos doentes que já não precisam de se separar das famílias para fazer o transplante no estrangeiro.
“Vai haver um benefício na vida social dos doentes”, refere o nefrologista Hélder Tavares, que dirige o centro de hemodiálise na Praia desde 2014.
O Hospital de Santo António, no Porto, é o parceiro deste projeto com Portugal, que inclui apoio à instalação de material cirúrgico em Cabo Verde e formação, com presença de cirurgiões especializados para se criar autonomia no arquipélago.
Quanto mais transplantes forem realizados na Praia, mais preparação haverá e mais rapidamente o país criará capacidade para realizar as suas intervenções renais.
Portugal vai também apoiar a realização de exames de compatibilidade, que exigem um laboratório especializado.
Em declarações à agência Lusa, a nefrologista La Salette Martins, responsável pela Unidade de Transplante Renal do Hospital de Santo António, refere que a parceria que já está aprovada pelos Ministérios da Saúde dos dois países, envolve também a Fundação Camões, a companhia aérea TAP e outros parceiros.