28 jan, 2025 - 16:19 • João Pedro Quesado
André Ventura pediu, esta terça-feira, que Miguel Arruda, acusado de furtar malas nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada, apresente a renúncia do mandato de deputado na Assembleia da República. O líder do Chega disse que foi o partido a comunicar a existência de malas ao presidente da Assembleia da República, provocando as buscas policiais de segunda-feira.
"Queria pedir ao senhor deputado Miguel Arruda que renunciasse ao seu mandato de deputado. Perante o que aconteceu ontem, perante a evidente fragilidade psíquica em que se encontra, perante a evidência dos factos, eu não tenho outro caminho como presidente do partido se não pedir-lhe encarecidamente em nome da dignidade, em nome do grupo parlamentar pelo qual foi eleito, que renuncie ao seu mandato", afirmou Ventura.
Ventura já tinha pedido que Arruda deixasse o Parlamento na quinta-feira passada, quando reuniu com o deputado. Esta terça-feira, o novo pedido aconteceu no fim de uma declaração aos jornalistas, em que o líder do Chega repetiu, insistentemente, que foi o partido que teve a iniciativa de comunicar a existência de malas no gabinete de Miguel Arruda.
Parlamento
Depois do caso do alegado furto de malas, Miguel A(...)
"Foi o Chega que, na quinta-feira, comunicou ao presidente da Assembleia da República a existência destes objetos como possibilidade de serem relacionados ou de estarem relacionados com o produto do crime, de um crime que tinha sido publicamente exposto", declarou Ventura, apontando como intenção permitir "a necessária articulação entre um órgão de soberania, o Parlamento, e as autoridades judiciais ou judiciárias".
"Ontem o Chega foi contactado para dar autorização e acesso ao seu espaço, para que pudesse ser averiguado e apreendido esse eventual objeto do crime", acrescentou o líder do partido, para quem "o que ocorreu no Parlamento não foi uma busca", mas sim resultado de uma "denúncia do próprio Chega" e uma "articulação e uma autorização do próprio Chega para que essa apreensão pudesse acontecer".
A insistência surge depois de o Ministério Público revelar que chegou a acordo com a Assembleia da República para levar a cabo a apreensão das malas e outros objetos no gabinete de Miguel Arruda.
Pouco depois de André Ventura falar, o presidente da Assembleia da República não confirmou aos jornalistas que a denúncia de malas no gabinete tenha tido origem no Chega.
"É verdade que ele se encontrou comigo a seguir ao plenário", afirmou José Pedro Aguiar-Branco, referindo-se a uma conversa informal com o vice-presidente da bancada parlamentar do Chega, Rui Paulo Sousa. "Eu falei, ouvi o que tinha a dizer, não tinha nenhum impacto e era absolutamente irrelevante para o que diz respeito à investigação", acrescentou o presidente do Parlamento, declarando ainda que conversa "com esse senhor deputado ou com qualquer outro senhor deputado" ficam em segredo.
Aguiar-Branco afirmou que "houve um despacho, esse despacho suscitou que se procedesse à apreensão de alguns bens que estavam, supostamente, na Assembleia da República e num determinado gabinete", sendo depois "solicitada a colaboração da Assembleia da República para o efeito".
"Dentro daquilo que era o quadro legal, a Assembleia fê-lo, foi solicitada a notificação do senhor deputado Miguel Arruda para poder estar presente ou representado por um mandatário, e também do grupo parlamentar do Chega", esclareceu o presidente da Assembleia da República, sublinhando que "o que foi feito foi conforme àquilo que foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República, acompanhado por uma senhora magistrada e dentro do quadro legal que a situação exigia".
[notícia atualizada às 17h22]