29 jan, 2025 - 20:44 • Tomás Anjinho Chagas
Mário Draghi, antigo primeiro-ministro italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), alerta Portugal para a "necessidade de ação" da Europa para não ficar para trás na competitividade.
Depois de presidir ao Conselho de Estado - órgão consultivo do Presidente da República -, Mário Draghi dirigiu-se aos jornalistas que estavam no Palácio de Belém para resumir, de forma curta, o objetivo deste encontro a convite de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Foi uma discussão muito boa, longa, interessante, com muitas perguntas e foi uma ótima oportunidade para eu explicar o relatório, explicar as complicações e a necessidade de ação. Hoje a presidente da Comissão Europeia apresentou a agenda da Comissão para os próximos anos, que é muito baseada nos resultados do relatório", afirmou o antigo primeiro-ministro italiano.
A reunião do Conselho de Estado durou quase quatro horas e, depois do encontro, Mário Draghi teve um jantar com Marcelo Rebelo de Sousa.
À saída do Palácio de Belém, os vários conselheiros de Estado - onde se inclui, entre outros, o primeiro-ministro e os antigos presidentes da República - preferiram não falar aos jornalistas. Questionado se a reunião deu novas ideias para governar o país, Luís Montenegro respondeu telegraficamente: "Já tinha, mas saem reforçadas".
A Comissão Europeia pediu a Mário Draghi, antigo primeiro-ministro italiano e antigo presidente do Banco Central Europeu, que elaborasse um plano estratégico que olhasse para os principais desafios da União Europeia no panorama económico e que deixasse alguns conselhos.
Em setembro saiu esse relatório de competitividade, onde Mário Draghi diagnosticou uma "agonia lenta" da União Europeia e vincou que os 27 estão a ser ultrapassados largamente pelos Estados Unidos da América e pela China.
Draghi recomendou a redução dos preços da energia, a criação de novos motores económicos, a descarbonização e digitalização da economia e o investimento na defesa. Há também vários avisos para o excesso de burocracia e falta de atratividade nas economias europeias.
Mas o mais importante que sobra do relatório Draghi é a sugestão de um mega-plano de investimento, mais ambicioso do que o Plano Marshall - criado para reerguer a Europa depois da Segunda Guerra Mundial- com um investimento de 800 mil milhões de euros para alavancar a economia europeia.