30 jan, 2025 - 15:33 • Tomás Anjinho Chagas
O Diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, Domingos Xavier Viegas, acredita que o grande incêndio da ilha da Madeira, ocorrido em agosto do ano passado, devia ter uma investigação independente.
O especialista esteve, esta quinta-feira, a ser ouvido no Parlamento, a pedido do PS, para falar sobre o incêndio na Madeira, que durante 12 dias seguidos consumiu 5 mil hectares de floresta na ilha.
Apesar de assumir que não foi ao terreno, e que não conhece todos os detalhes deste episódio, Domingos Xavier Viegas considera que o Parlamento deve promover uma investigação independente ao caso.
"Não tenho conhecimento de detalhe e pormenor. Sei que está a ser feito um estudo, um inquérito, mas na minha opinião devia haver também um trabalho independente", desafia o Diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais.
O professor universitário - que foi autor do relatório sobre as causas das mortes nos incêndios de Pedrógão Grande - foi questionado pelo Chega se o governo de Miguel Albuquerque agiu de forma demasiado política e pouco técnica. Não comentando diretamente, Domingos Xavier Viegas acredita que devia haver regras, para evitar que as decisões fiquem ao critério de cada decisor político.
"É possível definir elementos que definissem uma tomada de decisão num sentido ou noutro. Quando não existe conhecimento, esses princípios, quando se chega à decisão final e operacional, eu diria que vale tudo, e chega-se ao arbítrio", considera o especialista em incêndios rurais.
Durante o incêndio que assolou a ilha durante 12 dias consecutivos, foram várias as críticas ao Governo regional da Madeira, acusando o executivo de Miguel Albuquerque de agir de forma tardia e de demorar a pedir ajudas externas. Domingos Xavier Viegas alinha com essa visão.
"É lógico que havendo afinidade e proximidade entre os Açores, Madeira e Canárias, houvesse um entendimento. Por que razão não foi invocado nesta altura? Não sei, mas diria que se pode aplicar o mesmo com o acordo que temos com a União Europeia, que quanto a mim foi invocado tardiamente neste processo", lamenta.
Durante a audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o especialista em incêndios rurais alertou ainda para a possibilidade de a pressão turística aumentar o risco de incêndio na ilha.