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Cirurgias oncológicas. PS acusa Governo de agravar tempos de espera

03 fev, 2025 - 19:34 • Lusa

Pedro Nuno Santos considera que já não é aceitável que o atual Governo se desculpe com os executivos do PS e menciona o caso denunciado pela Renascença sobre a falta de acesso de crianças aos cuidados paliativos.

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O secretário-geral do PS acusa o Governo de estar a agravar os tempos de espera para cirurgias oncológicas pediátricas, exigindo que o primeiro-ministro explique o que está a fazer para resolver a situação. Pedro Nuno Santos considera que já não é aceitável que o atual Governo se desculpe com os executivos do PS e menciona o caso denunciado pela Renascença sobre a falta de acesso de crianças aos cuidados paliativos.

Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PS, em Lisboa, após ter-se reunido com a Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, Pedro Nuno Santos manifestou esta segunda-feira preocupação com a resposta que está a ser dada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) "aos mais frágeis dos frágeis", referindo-se às crianças.

"No que diz respeito à doença oncológica, a informação que nos é dada - e para a qual não temos dados do Governo que nos permitam confrontar - é que as crianças estão à espera de cirurgia oncológica para lá do tempo recomendado, o que faz com que muitas acabem por prolongar os ciclos de quimioterapia", afirmou, advertindo que esse prolongamento cria "riscos muitas vezes permanentes" para a vida das crianças.

Pedro Nuno Santos salientou que o Governo e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tinha prometido "dar prioridade ao tratamento oncológico e à cirurgia oncológica" e recordou que, em agosto, anunciou que tinha anunciado "que tinham terminado os doentes à espera para lá do tempo máximo de referência para uma cirurgia oncológica".

"Passaram menos de dois meses e voltávamos a ter mais de mil pacientes à espera para lá do tempo máximo recomendado. Portanto, o Governo não está a conseguir resolver problemas, como alguns têm-se mesmo agravado", criticou.

O secretário-geral do PS indicou que, para as cirurgias oncológicas, os tempos de espera "têm aumentado", reforçando que o Governo, em vez de estar a iniciar "um processo de resolução" desse problema, está a agravá-lo.

"Ora, um país que não consegue cuidar das suas crianças não consegue cuidar de ninguém", disse, voltando a pedir a Montenegro que esclareça qual é o "tempo de espera das criança para cirurgia oncológica pediátrica".

Pedro Nuno Santos referiu que esse tipo de cirurgias não são feitos no setor privado, pelo que "a receita sistemática do Governo no que diz respeito ao SNS não dá sequer para ser aplicada neste caso".

"E, portanto, este é um problema ainda maior porque a receita do Governo de recurso ao privado nem sequer funciona. Portanto, nós precisamos de uma resposta por parte do Governo: saber não só o ponto de situação, mas o que está a ser feito ou ponderado para resolver um problema que é grave", disse.

Nestas declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos abordou ainda as declarações da ministra da Saúde, que reconheceu hoje que Portugal ficou "muito para trás" na área dos cuidados paliativos devido à falta de investimento nos últimos anos, depois de a Associação Cuidados Paliativos ter alertado para uma "situação dramática".

Para o secretário-geral do PS, "não é aceitável que a ministra da Saúde se comporte como uma ministra sombra que critica o Governo anterior fez".

"Já passaram 10 meses e aquilo que se espera de uma ministra e de um ministro não é que se desculpe com o passado, é que apresente soluções para os problemas do presente", frisou.

Questionado, contudo, se não reconhece que o anterior Governo do PS é igualmente responsável pela situação que se vive hoje no SNS, Pedro Nuno Santos respondeu: "Com certeza que há problemas que vêm de trás e nós nunca os escondemos".

"Nem todos foram resolvidos e isso nunca foi sequer negado pelo PS, muito menos por mim. Agora, não é quem está na oposição neste momento que tem de dar respostas, que aliás foram dadas durante o período em que fomos a votos", disse, reiterando que o atual executivo já governa "há mais de 10 meses".

"Tem de responder pelo que faz. E se há problemas que vêm do passado (...), aquilo que se esperaria era o início da sua resolução, isto é, o desagravamento desses problemas. Estamos a assistir ao contrário: ao agravamento desses problemas", criticou.

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) lembra que só uma em cada dez crianças tem acesso, em tempo útil, a este acompanhamento em fim de vida. No total dos doentes, mais de 70% continua sem acesso a este apoio clínico.

A presidente da APCP, Catarina Pazes, diz que o quadro atual do apoio clínico pediátrico em fim de vida é “aterrador”.

Em entrevista à Renascença, Catarina Pazes lembra que “em cerca de oito mil crianças, apenas 800 têm acesso a cuidados paliativos”, sendo que “toda a região do Alentejo e do Algarve não tem uma única resposta desta área”.

A ministra da Saúde reconheceu que Portugal ficou "muito para trás" na área dos cuidados paliativos devido à falta de investimento nos últimos anos.

"É uma grande preocupação, nós já tínhamos uma ideia muito clara sobre a falta de acesso, a falta de respostas. Durante os últimos anos, não se investiu na área dos cuidados paliativos. Nós estamos agora a fazer uma recuperação gradual, porque não é de um dia para o outro", disse aos jornalistas Ana Paula Martins.

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