Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Gaza, futura Riviera do Médio Oriente? Nuno Melo rejeita comentar "singularidades" de Trump

05 fev, 2025 - 13:58 • Lusa

Bloco de Esquerda e Livre consideram "muito graves" as declarações de Nuno Melo.

A+ / A-

O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou esta quarta-feira que "não lhe compete comentar" política interna norte-americana, após uma pergunta sobre o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza, que pretende reinstalar palestinianos noutros locais.

"Não me compete comentar a política interna norte-americana. Obviamente que é para mim muito relevante perceber que os EUA são um aliado fundamental da NATO", respondeu Nuno Melo, que falava aos jornalistas no Ministério da Defesa, em Lisboa, na cerimónia de posse de D. Sérgio Dinis como Chefe do Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas e das Forças de Segurança, sucedendo nas funções a D. Rui Valério, patriarca de Lisboa.

O governante defendeu que o Governo tem que assegurar que Portugal cumpre os seus compromissos com a Aliança Atlântica de maior investimento em Defesa "que permitam maior capacitação das Forças Armadas".

"O resto são singularidades da política norte-americana que por estes dias vai sendo, a esse propósito, muito rica e animando noticiários", completou.

O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, disse na terça-feira que quer que os Estados Unidos assumam o controlo da Faixa de Gaza e reconstruam o território, depois de os palestinianos serem reinstalados noutros locais.

Esta posição foi transmitida em conferência de imprensa, após o encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.

Trump não excluiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para apoiar a reconstrução de Gaza e considera que a participação dos EUA será de "longo prazo".

Trump quer que EUA assumam o controlo de Gaza e transformem a terra na ‘Riviera do Médio Oriente’
Trump quer que EUA assumam o controlo de Gaza e transformem a terra na ‘Riviera do Médio Oriente’

BE chama quer ouvir Nuno Melo. "São declarações muito graves"

Depois das declarações do ministro da Defesa, o Bloco de Esquerda (BE) anunciou que quer ouvir com urgência o ministro da Defesa no Parlamento.
"O BE decidiu chamar ao parlamento com caráter de urgência o senhor ministro da Defesa, por entendermos que as declarações que preferiu são declarações muito graves. Perante um anúncio de Trump e de Netanyahu de que vão ocupar ilegalmente as terras de Gaza, expulsar o povo palestiniano, o que o senhor ministro da Defesa português tem a dizer é de que não comenta questões de política interna dos Estados Unidos. Não são questões de política interna, são questões de uma gravidade extrema", argumentou Marisa Matias.
Na ótica do BE, além da "posição titubeante" do Governo português nesta matéria, esta declaração de Nuno Melo é "de silenciamento e de cumplicidade com o que promete ser uma limpeza étnica".

"É grave dizer que se trata de política interna dos Estados Unidos porque estamos a falar de política internacional. Estamos a falar de um ataque ao direito internacional, desta vez anunciado antes mesmo de acontecer", lamentou.

Marisa Matias rejeitou ainda que estejam em causa "singularidades da política norte americana".

"Estamos a falar das nossas vidas, estamos a falar do nosso futuro, estamos a falar de questões absolutamente essenciais. Não são particularidades. As políticas do Presidente Trump têm impactos diretos nas nossas vidas e, como estamos a ver, muitas das ameaças confirmam-se agora com o programa do Presidente", defendeu.

A líder parlamentar do Livre considerou também "muito graves" as declarações "completamente irresponsáveis e desumanas" do presidente norte-americano e que "configuram uma limpeza étnica".

"A posição de Portugal não pode ser encolher os ombros e considerar que são singularidades da política americana. Não, é uma violação dos direitos humanos, é uma violação dos direitos do povo palestiniano e Portugal tem de ser muito claro a condenar estas declarações do Presidente dos Estados Unidos", defendeu, apelando a que "esta posição por parte do Governo português seja rapidamente corrigida".

Isabel Mendes Lopes afirmou também que "isto mostra ainda mais quão importante é Portugal reconhecer o direito à Palestina ser um Estado e a autodeterminação do povo palestiniano".

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Não é
    05 fev, 2025 Nem será 16:40
    Dentro do seu ódio figadal a tudo que seja americano, as tretas do Bloco de Esquerda e do Livre, interessam tanto como a nossa poia diária. No entanto, considerar transformar Gaza em algo que ela não é nem poderá ser. e dizer que isso são "assuntos internos americanos" também é uma grande saída de pista daquelas a que Nuno Melo já nos habituou, vidé o caso "Olivença é nossa". Seria melhor que se empenhasse mais nos tais 2% do PIB para a Defesa - mas não para gastar em salários, remunerações, ajudas de custo das altas patentes e promoções em bárdea - e em apoiar uma mudança de paradigma cá pela Europa para começar a comprar Europeu em termos militares e não americano. Retaliações de Trump? Querem melhor resposta às "retaliações Trumpistas" que deixar de comprar à indústria militar americana e pelo contrário, comprar à Europeia? Já pensaram o que custará à America de Trump, regimentos Blindados, artilharia, aviões, munições, compradas "cá" e não "lá"?

Destaques V+