06 fev, 2025 - 10:09 • José Pedro Frazão
A dirigente e deputada socialista Mariana Vieira da Silva não gostou de ouvir Ana Gomes acusar António Vitorino de ter um passado de "advogado lobista". A antiga ministra, que prefere Vitorino a Seguro, responde no programa "Casa Comum", da Renascença.
"Quando pessoas que fazem parte da nossa vida pública e política - que já foram dirigentes partidários - comentam camaradas seus de partido ou pessoas de outros partidos e utilizam os mesmos adjetivos que aqueles que têm um discurso anti-político usam, não estão a dar um bom contributo para o debate que o Partido Socialista precisa ter", afirma Vieira da Silva, quando confrontada com as acusações de Ana Gomes, que associou Vitorino a um passado de advocacia de interesses.
O discurso está quente no PS sobre Presidenciais. Questionada sobre as palavras de João Soares que acusa alguns quadrantes socialistas de fazerem "bullying político " sobre António José Seguro, Mariana Vieira da Silva rejeita a tese, sublinhando que está em causa uma mera avaliação política dos candidatos pelo Partido Socialista, que deve ser feita com respeito.
"Se uns podem dizer o que pensam sobre os candidatos e outros não podem, parece-me um pouco limitador", responde a dirigente socialista.
Os dois militantes socialistas que se perfilam para a corrida a Belém não apresentaram ainda a sua candidatura. Mariana Vieira da Silva sugere que ambos ajudarão a área socialista a ter apenas um candidato.
"Julgo que estes dois candidatos [Vitorino e Seguro] percebem a importância do espaço do Partido Socialista - não é o Partido Socialista, mas o seu espaço - ter um único candidato nestas eleições, dadas as sondagens. E tenho a expectativa que possam fazer essa reflexão, participar no debate que o Partido Socialista, nos seus diferentes órgãos, tem de fazer e decidir, no sentido de criar condições para que seja um candidato apoiado pelo Partido Socialista a passar a segunda volta", sustenta, quando confrontada com uma possível fratura que afaste a "área socialista" de uma segunda volta.
Olhando para as sondagens, a deputada socialista considera que os candidatos que podem ser apoiados pelo Partido Socialista têm ambos uma vantagem face a Luís Marques Marques Mendes.
"Sendo o seu nível de notoriedade mais baixo ainda, porque nos últimos anos não têm estado no espaço público, têm uma margem de crescimento e de recuperação dessa notoriedade maior do que alguém que todos os domingos tem estado a falar diretamente aos portugueses", argumenta.
Mariana Vieira da Silva mantém desde há meses que um candidato presidencial apoiado pelo PS tem que ter " a capacidade de abrir", ou seja, alargar o eleitorado em relação ao campo socialista.
Nesse critério, a dirigente do PS sustenta que António Vitorino tem mais capacidade que António José Seguro para fazer esse alargamento.
"Desde logo pela sua experiência profissional e política ou pela forma como este governo, por exemplo, o convidou para presidir ao Conselho das Migrações, [Vitorino] mostra uma capacidade de alargar para lá do espaço do Partido Socialista. E também pelo conhecimento das matérias que são o centro de debate político neste momento, e provavelmente nos próximos anos, das migrações à defesa e à segurança, pela forma global de olhar o mundo, tem condições maiores de alargar [eleitorado]", acrescenta a antiga ministra da Presidência.
Casa Comum
Os comentadores do programa Casa Comum apontam o d(...)