20 fev, 2025 - 14:09 • Susana Madureira Martins
“Não há propriamente indícios. O que existem são factos”, diz Fernando Negrão à Renascença, ao ser confrontado com o caso da empresa de gestão de imóveis criada pelo primeiro-ministro, que, entretanto, vendeu a sua quota à mulher. E são esses “factos” que o ex-ministro da Justiça e antigo deputado do PSD diz esperar ver esclarecidos por parte de Luís Montenegro no debate da moção de censura, marcado para a tarde desta sexta-feira.
Fernando Negrão considera que a “prioridade” neste momento é ouvir o primeiro-ministro para perceber “quais são as razões” que levaram à constituição da Spinumviva e à passagem da sua quota na empresa para a mulher e os filhos.
Para o ex-deputado do PSD, a “questão central” é que Luís Montenegro e a mulher “estão casados em regime de comunhão de adquiridos”, sendo “esse o facto que menos esclarecido está e que mais precisa de esclarecimento”.
O Correio da Manhã, na sua edição de terça-feira, dava conta de como este facto, eventualmente, poderia levar à nulidade do negócio de venda da quota, sendo esta considerada um bem comum do casal, já que a empresa foi criada depois do casamento.
Para Negrão, são “factos que podem levar a que, em determinadas circunstâncias muito específicas, aconteça esse conflito de interesses”, aguardando, contudo, pelas explicações do primeiro-ministro. “Com certeza, ele esclarecerá que não pretendeu nem há qualquer possibilidade de existirem conflitos de interesses”, diz o ex-ministro do PSD.
Questionado se o primeiro-ministro já devia ter dado mais explicações mais cedo, Fernando Negrão reconhece que “é generalizada” a opinião de que Montenegro “já devia ter dado esclarecimentos para além daqueles que deu” ao Correio da Manhã.
“O primeiro-ministro já deu esclarecimentos a um órgão de comunicação social e, portanto, ficámos todos a saber qual a sua posição”, mas Negrão ressalva que “depois, surgiram factos novos” que Montenegro remeteu para o debate da moção de censura apresentada pelo Chega.
“Na minha opinião, o primeiro-ministro também não pode estar às pinguinhas - desculpe-me a expressão - a responder a cada facto que surge quase dia sim, dia não”, defende Negrão, a quem parece “ajuizado” que se aproveite a discussão da moção de censura para “dar essas justificações”.
Para o ex-ministro da Justiça e antigo deputado do PSD, “naturalmente”, que este caso “desgasta” o Governo, mas Negrão espera que exista “uma explicação cabal e sólida, no sentido de reverter esses danos que têm acontecido na imagem do primeiro-ministro”.