Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

“Enormíssima ignorância”. Associação Portuguesa de Deficientes critica declarações de deputado do Chega

21 fev, 2025 - 10:11 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

Em causa estão as declarações de João Tilly, no Parlamento, sobre ensino especial. “Afinal, nós somos um país de alunos com deficiência ou somos um país de alunos normais?”

A+ / A-

Um sinal de ignorância. É desta forma que a Associação Portuguesa de Deficientes classifica as recentes declarações do deputado João Tilly, do Chega, sobre alunos com deficiência.

No Parlamento, o deputado desvalorizou a importância do ensino especial. João Tilly questionou mesmo se Portugal é um país de alunos com deficiência: “Afinal, nós somos um país de alunos com deficiência ou somos um país de alunos normais?”

Na resposta, Helena Rato, vice-presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, diz que o deputado desconhece o que é o ensino especial.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui

“As declarações do deputado demonstram uma enormíssima ignorância e, de resto, muitas vezes a insensibilidade decorre da ignorância”, declara Helena Rato.

Nestas declarações à Renascença, a dirigente lamenta a forma como o deputado falou, explicando que “ele associa a educação especial a crianças com deficiência”.

“Esta educação [a especial] é para crianças com necessidades educativas especiais. São crianças que, por as mais diversas razões, não se adaptam ao ensino tal como ele está estruturado”, sublinha.

Helena Rato sublinha ainda que quando alguma criança fica para trás, daí advém custos para toda a sociedade.

“Tem custos ao nível da saúde, da produção, ao nível financeiro, e ao nível da segurança, que é um tema muito querido do partido do senhor deputado”, exemplifica.

A vice-presidente da Associação Portuguesa de Deficientes espera, por isso, um pedido de desculpa por parte do Chega, embora não acredite que o deputado o faça por iniciativa própria.

“Eu, da parte do senhor deputado, acho difícil que ele peça desculpa, porque quando uma pessoa não percebe um assunto, não percebe também porque é que tem que lhe pedir desculpa. Da parte do partido, eu acho que sim que devia haver”, remata.

Também o Movimento Cidadão Diferente (MCD) criticou na quinta-feira, o deputado do Chega João Tilly, considerando que as suas afirmações realizadas no dia anterior, no Parlamento, sobre ensino especial demonstram “insensibilidade e desconhecimento da realidade vivida pelos alunos com deficiência e suas famílias”.

No debate no Parlamento, depois de Joana Mortágua do BE ter alertado para o problema da falta de meios financeiros e humanos para acompanhar os alunos com necessidades especiais educativas, João Tilly do Chega criticou que “centenas de professores de todas as áreas” tenham ido “a correr tirar esta especialização”.

“A educação ou o ensino, como nós chamamos, especial é importante. Mas, o ensino geral é muito mais importante e esse está esquecido e ignorado. Afinal, nós somos um país de alunos com deficiência ou somos um país de alunos normais? O que é que está a provocar este número incrível de tantos alunos com deficiência cognitiva”, questionou.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+