21 fev, 2025 - 14:09 • Lusa
A Federação Nacional da Educação (FNE) repudiou e condenou nesta sexta-feira as declarações do deputado do Chega João Tilly na quarta-feira no parlamento sobre o tema da educação especial, considerando que revelam desconhecimento e falta de sensibilidade.
"As declarações proferidas pelo deputado revelam um profundo desconhecimento da realidade da Educação Especial em Portugal, bem como uma total falta de sensibilidade para com as necessidades específicas das crianças e jovens que o integram", indica em comunicado a FNE.
No debate na Assembleia da República, no período das declarações políticas, e depois do Bloco de Esquerda ter alertado para a falta de meios financeiros e humanos nas escolas para acompanhar alunos com necessidades especiais, João Tilly concordou que a educação especial é importante, mas considerou o ensino geral "muito mais importante".
"E esse está esquecido e ignorado. Afinal, nós somos um país de alunos com deficiência ou somos um país de alunos normais? O que é que está a provocar este número incrível de tantos alunos com deficiência cognitiva?", interrogou, numa intervenção que gerou críticas.
João Tilly afirmou na mesma altura que é professor há 40 anos e que na sua "escolinha" chegou a ter "quatro professores de matemática, cinco de português e nove de educação especial", criticando que "centenas de professores de todas as áreas" tenham ido "a correr tirar esta especialização".
Para a FNE, que integra uma dezena de sindicatos, a abordagem do deputado do Chega foi "redutora, simplista e desrespeitosa para com os alunos, pais, professores e demais profissionais envolvidos neste tipo de ensino".
"A FNE defende que a educação especial é um direito fundamental de todas as crianças e jovens com necessidades específicas, e que o Estado tem a obrigação de garantir o acesso a uma educação de qualidade, inclusiva e personalizada, que promova o desenvolvimento máximo das suas potencialidades", adianta no comunicado.
Também a Fenprof divulgou uma "nota de repúdio" sobre o mesmo assunto, indicando não poder "ficar indiferente às declarações de um deputado do partido da extrema-direita sobre educação especial. Não porque surpreendam, mas porque confirmam a natureza de um partido para quem, para além do modelo, tudo o que é diferente não deve merecer atenção".
"Não surpreende, repete-se, ou não fosse aquele partido o legítimo herdeiro de políticas de segregação pura e dura, do tempo em que se escondia ou, mesmo, eliminava o que era diferente; do tempo em que as pessoas deficientes eram rotuladas em dois grandes grupos: os imbecis e os idiotas".
A Federação Nacional dos Professores reafirma que "a educação inclusiva é uma exigência das sociedades democráticas e, nesse sentido, é necessário que as escolas tenham os recursos (humanos, físicos e materiais) para a sua efetivação".