24 fev, 2025 - 15:10 • José Pedro Frazão , Susana Madureira Martins
De Portugal, ficou apenas a bandeira na sala preparada por Kiev para acolher os líderes que marcaram presença na Conferência de apoio à Ucrânia. As intervenções foram-se sucedendo, mas Portugal nunca foi anunciado no rol das três dezenas de intervenções remotas de primeiros-ministros e Presidentes de, praticamente, todos os países da União Europeia.
Contactado pela Renascença, o gabinete do primeiro-ministro assegura que Luís Montenegro "esteve presente na conferência por via remota", assegurando mesmo que "ouviu tudo" e "esteve sempre ligado", embora não se tenha visto no videowall projetado pela organização na sala principal, tal como difundido na transmissão oficial. São Bento assegura que Montenegro não interveio devido a um "problema técnico" e depois " não voltou a conseguir ligar-se".
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Entre os países da União Europeia, para além de Portugal, a conferência de Kiev só não contou com a presença da Hungria - que mantém relação estreita com a Rússia - e de Chipre. Países como a Islândia, Noruega, Suíça, Liechtenstein, Albânia ou Montenegro também participaram. França , cujo presidente está a caminho dos Estados Unidos, fez-se representar pelo seu ministro dos Assuntos Europeus.
Destaque ainda para as intervenções remotas dos Presidentes da Turquia e do Japão, do primeiro-ministro britânico Keir Starmer e de Justin Trudeau, que se deslocou expressamente do Canadá até Kiev. Pedro Sanchez, de Espanha, também marcou presença.
Questionado sobre a razão da ausência do primeiro-ministro em Kiev, no dia em que se assinalam os 3 anos de guerra, o gabinete de imprensa do primeiro-ministro justifica-se à Renascença com "questões de agenda". Montenegro, contudo, não tem qualquer agenda pública prevista esta segunda-feira.
Na resposta oficial à Renascença, o gabinete do primeiro-ministro refere que, "à semelhança da maioria dos chefes de Estado e de Governo", Montenegro participou por via remota na conferência de apoio à Ucrânia que decorreu ao final da manhã desta segunda-feira. Uma intervenção que acabou por não acontecer, segundo São Bento, devido a "problemas técnicos" e falhas de rede no local onde Montenegro se encontrava.
A mensagem foi, entretanto, partilhada com o Presidente da Ucrânia e com os restantes participantes na reunião, segundo São Bento.
O gabinete do primeiro-ministro sustenta que, como não conseguiu falar, o discurso português foi distribuído a todos. Na intervenção que preparou, e a que a Renascença teve acesso, Montenegro elogia a "coragem e a resiliência extraordinárias" do povo ucraniano face à "brutal e não provocada guerra de agressão" da Rússia contra a Ucrânia.
Montenegro considera que os ucranianos mantiveram-se firmes pela liberdade, independência e "futuro europeu", recordando o apoio desde o primeiro minuto da "Europa e nossos parceiros transatlânticos".
O primeiro-ministro assegura que a determinação de Portugal no apoio à Ucrânia "não mudou", lembrando o exercício legitimo dos ucranianos à sua defesa, o respeito pela soberania e a integridade territorial e a luta pelos princípios do direito internacional e da democracia.
"Uma Ucrânia forte e independente é vital para a estabilidade e a segurança da Europa e da área transatlântica", afirma Montenegro que , em nome de Portugal, reitera o apoio a uma paz sustentável, justa e abrangente.
No contexto atual, Portugal defende que uma solução efetiva de paz não pode ser alcançada sem a total participação da Ucrânia e da União Europeia e dos seus Estados-membros.
O primeiro-ministro garante o empenho de Portugal numa solução de paz "justa, inclusiva e duradoura" que salvaguarde garantias efetivas de segurança à Ucrânia. "Quanto mais unidos e coordenados estivermos, mais decisiva será a nossa ação", remata o chefe de governo no discurso que nunca leu neste evento (Leia aqui o discurso de Luís Montenegro - versão PDF).