28 fev, 2025 - 14:32 • Tomás Anjinho Chagas com Lusa
A manhã desta sexta-feira foi frenética e foi dominada pelas ondas de choque provocada pelo caso que acertou no coração do Governo: Luís Montenegro. O Expresso noticia que a empresa Solverde paga uma avença semanal de 4 500 euros à empresa do primeiro-ministro.
Os partidos da oposição fazem marcação cerrada, mesmo depois de o chefe de Governo ter prometido explicações para sábado à noite. O que disseram?
A primeira reação chegou do Chega, através das redes sociais, André Ventura defendeu que o primeiro-ministro deve demitir-se ou apresentar uma moção de confiança para ser votada no parlamento.
Aos jornalistas, o líder do partido classificou o caso como "inaceitável" e "ilegal" o caso que orbita em torno da Spinumviva, empresa que pertence à mulher e aos filhos de Luís Montenegro.
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, desafiou o primeiro-ministro a dar todas as explicações e respostas sobre a empresa familiar, afirmando que é preciso restabelecer a relação de confiança com os portugueses.
Pedro Nuno Santos falou aos jornalistas no parlamento já depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter anunciado a convocação de um Conselho de Ministros extraordinário para sábado e uma comunicação ao país sobre decisões pessoais e políticas acerca da empresa detida atualmente pela sua mulher e os seus filhos.
O secretário-geral socialista fala num "caso grave" e espera para ouvir as justificações do líder do Governo. Se não forem convincentes? "Não excluímos nada", respondeu Pedro Nuno Santos quando questionado sobre uma possível moção de censura ou comissão de inquérito ao caso.
O líder da Iniciativa Liberal defendeu hoje que, se Luís Montenegro quer continuar a ser primeiro-ministro, tem de desfazer-se da Spinumviva, defendendo que é incompatível ser chefe do executivo e ter atividade empresarial.
“Se Luís Montenegro quer de facto continuar a ser primeiro-ministro, tem de extinguir esta empresa ou tem de desfazer-se dela, mas para bem longe de si próprio e para bem longe da sua família”, afirmou Rui Rocha.
O presidente dos liberais rematou: "Já percebemos que as duas coisas não são acumuláveis e o primeiro-ministro já devia ter percebido isso”, defendeu.
O secretário-geral do PCP defendeu que o Governo “não está em condições de resolver os problemas” da população e tornou-se num “foco de descredibilização da vida política”, recusando que explicações do primeiro-ministro possam resolver a situação.
Lembrando que os comunistas já tinham apresentado uma moção de rejeição do programa de Governo da AD, Paulo Raimundo classificou este executivo como "um Governo ao serviço dos grupos económicos, que incentiva a promiscuidade entre os grupos económicos e os interesses do Estado, um Governo que promove um verdadeiro conflito de interesses".
A coordenadora do Bloco de Esquerda ameaçou recorrer a mecanismos parlamentares, como uma comissão de inquérito, caso o primeiro-ministro não dê explicações sobre os clientes e serviços que presta.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Mariana Mortágua defendeu que Luís Montenegro tem de esclarecer imediatamente “quem são os clientes do primeiro-ministro, que tipo de serviços são prestados” e em que data e quais são as remunerações desses serviços.
“O primeiro-ministro tem um prazo muito curto para poder dar estas informações", frisou a líder bloquista.
Mariana Mortágua remata: Luís Montenegro “tem uma chance de evitar que o parlamento tome nas suas mãos este assunto”.
O porta-voz do Livre defendeu que o primeiro-ministro deve divulgar em breve ao país quais são os clientes da sua empresa familiar e ponderar vender a Spinumviva ou entregá-la a uma gestão privada.
"Não deve fazer, como fez aqui na moção de censura, que é dizer «os clientes que o digam». (…) Os clientes que foram clientes da empresa de Luís Montenegro tiveram uma relação económica com ele, mas ele agora tem uma relação de lealdade para com os portugueses e essa relação é mais importante do que tudo", argumentou Rui Tavares.
O líder do Livre afirmou não ter "confiança institucional" em Luís Montenegro para que seja o próprio a "determinar quando é que deve ou não pedir escusa" de determinados assuntos tratados pelo Conselho de Ministros.