07 mar, 2025 - 16:20 • Lusa
O antigo secretário-geral do PS António José Seguro defendeu nesta sexta-feira o restabelecimento dos canais de diálogo entre os partidos para que sejam encontradas soluções que evitem eleições e seja retirada da moção de confiança apresentada pelo Governo.
"O dia 11 de março poderá ficar na história do nosso país como um momento triste ou como um momento em que os partidos foram capazes de pôr acima dos seus interesses o interesse nacional", afirmou o socialista que continua a ponderar uma candidatura presidencial às eleições de 2026 e que falava aos jornalistas em Vila Real, depois de encontro com alunos da Escola Camilo Castelo Branco.
A moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro será debatida e votada na próxima terça-feira. O Presidente da República já admitiu eleições antecipadas em maio.
"Eu acredito na responsabilidade dos líderes dos partidos políticos em Portugal e que eles serão capazes de encontrar uma solução e para isso é necessário que os canais de diálogo se restabeleçam e é esse o meu apelo", realçou.
Seguro disse esperar que as "pontes de diálogo não sejam destruídas" e que os "canais de diálogo se mantenham" para que, até terça-feira, se possam encontrar uma solução que evite a ida para eleições, porque o "país precisa de governação e de se concentrar na resoluções dos problemas gravíssimos" que tem.
Para o ex-líder socialista, "mais importante do que apurar quem tem responsabilidade é encontrar soluções".
"É óbvio que a retirada da moção de confiança ajudaria a resolver esse assunto. Como se retira a moção de confiança, bem o Governo saberá quais são as condições", referiu.
Outro ponto importante, para Seguro, é o esclarecimento que os partidos da oposição pedem em relação à situação em que o primeiro-ministro se envolveu.
"Mas volto a dizer, o mais importante não é apurar quem tem responsabilidade, quem tem a culpa, o mais importante são soluções e eu apelo às soluções", reforçou.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada no parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
António José Seguro lembrou que no início da semana apelou ao Presidente da República para que chamasse o primeiro-ministro porque "há questões que não se resolvem na praça pública, bem pelo contrário, elas exigem discrição".
"Portanto tudo o que puder ser feito com discrição, mas que contribua para a solução e a solução é evitar que existam eleições intercalares, possa ser concretizado", referiu.
E, advertiu, "ao contrário do que muita gente pensa, a realização de eleições legislativas antecipadas não garantem soluções, porque pode ficar tudo na mesma" em termos de governabilidade do país.
O antigo líder socialista está hoje a participar nas "Conferências da Juventude" sobre democracia local e participação cívica, organizadas pela Youth Academy, em colaboração com as associações de estudantes da escolas secundárias São Pedro e Camilo Castelo Branco.
Durante a manhã, Seguro foi questionado pelos alunos sobre o voto aos 16 anos, a inteligência artificial, o mercado de trabalho, a literacia política ou financeira.
O socialista disse que foi uma "sessão fantástica com alunos preocupados com a sua vida concreta e o seu futuro" e que a curiosidade, à qual ainda não deu resposta, sobre uma possível candidatura à Presidência da República surgiu já, depois, em conversa informal com os jovens. Durante a tarde participará numa conferência na secundária de São Pedro.