10 mar, 2025 - 23:11 • Diogo Camilo
O primeiro-ministro falava sobre a estrutura da Spinumviva e sobre a transmissão das participações na empresa familiar, quando em entrevista à TVI referiu que o negócio foi a forma de ele e a mulher "controlarem" o que os filhos estavam a fazer.
Luís Montenegro começou por dizer que queria ser "preciso" e que não vendeu 70% da empresa à sua mulher quando se tornou presidente do PSD.
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"Quando criei a empresa, tinha 62,5%, cada um dos meus filhos tinha 12,5% e a minha mulher também. Os meus 62,5% foram divididos de maneira a que o resultado final, quando sai, desse 15% a cada um dos meus filhos e 70% à minha mulher. Expliquei no Parlamento que era, no fundo, a forma de nós controlarmos, nomeadamente ela, aquilo que os meus filhos estavam a fazer", afirmou.
O deslize foi pequeno, mas notório. Montenegro indicou depois que os filhos "não tinham maturidade" para assumir um maior papel na empresa - depois de a 1 de março ter gabado as suas qualidades para justificar o papel que têm na empresa.
"Agora, por nossa decisão - minha e da minha mulher, dela porque tem 70% e minha porque ela precisa do meu consentimento para doar todo o capital da empresa - eles acabaram por [ficar com a totalidade da empresa]", um passo maior do que perspetivava. Mas diz que não quer falar mais disso: "Agora é a vida deles e são eles que têm que levar isso para a frente."
O pormenor do "nós" não saiu despercebido à entrevistadora Sandra Felgueiras, que questionou Montenegro sobre se "reconhece que tem de se livrar desse problema" ao passar a empresa para os filhos. O chefe de Governo responde que não tirou "nenhum benefício da empresa". O primeiro-ministro acrescentou que a sua mulher não lhe transmitiu "um cêntimo" da sua participação na empresa.
Crise política
Em entrevista à TVI, Luís Montenegro afirma que nã(...)
O primeiro-ministro diz que os seus ministros souberam os negócios da Spinumviva que tinham que saber: "Pedi escusa sempre que foi necessário pedir escusa", diz, rejeitando ter saído beneficiado do dinheiro recebido pela sua empresa familiar.
E voltou a repetir que "não fez fretes a ninguém", como tinha dito minutos antes.
"Não tirei nenhum benefício desta empresa. Não é desde que sou primeiro-ministro. É desde que sou presidente do Partido Social Democrata. E vou-lhe explicar, porque sei que os portugueses querem perceber. Quando saí da empresa, a ideia foi transmiti-la para os meus filhos e que a empresa ficasse com os meus filhos. E porque não fiquei eu? Para que os portugueses saibam, eu podia ser sócio da empresa, mesmo sendo primeiro-ministro. O que é ilegal é ter um cargo remunerado. Fi-lo por uma razão objetiva, porque não queria ter a ver com a atividade da empresa", afirma.
Montenegro avançou ainda que o trabalho com os clientes atuais tem uma "rotina tal que, a menos que haja falhas", vão continuar.
"É verdade que fui eu que criei a estrutura desta empresa. Não tenho vergonha disso, pelo contrário. Até me orgulho, de ter construído esta base e a ter deixado numa velocidade tal que ela pôde ter uma sequência, mesmo sem a minha participação. Ou alguém pensa que eu, enquanto presidente do PSD ou agora como primeiro-ministro, andei a tratar dos assuntos desta empresa? Acha que eu tenho tempo, cabeça, disponibilidade, interesse em estar a fazer uma coisa dessas?", questionou.