12 mar, 2025 - 22:25 • Lusa
O Presidente da República recebeu esta quarta-feira os nove partidos com assento na Assembleia da República, um dia depois do chumbo da moção de confiança e da queda do Governo. As datas de 11 ou 18 de maio para eleições antecipadas estiveram em cima da mesa.
O primeiro-ministro e líder do PSD foi o primeiro a reunir-se com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém. Luís Montenegro defendeu que a solução para a crise política passa pela realização de eleições legislativas antecipadas “o mais rápido possível”, dizendo existirem “todas as condições” para serem a 11 de maio.
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No final de uma audiência de cerca de uma hora com o chefe de Estado, o primeiro-ministro disse que “a solução para este impasse deve passar pela realização de eleições legislativas antecipadas que devem decorrer o mais rápido que for possível”.
Questionado sobre se vai voltar a garantir, como nas últimas legislativas, que só será primeiro-ministro se vencer, Montenegro respondeu: “Se há justiça que me podem fazer, é que eu fui muito claro relativamente às condições que impunha a mim mesmo e ao meu partido para exercer a liderança do Governo na última campanha eleitoral e, portanto, não tenham de esperar de mim uma circunstância diferente na próxima campanha”.
O secretário-geral do PS foi o segundo a ser recebido pelo Presidente da República. No final, Pedro Nuno Santos defendeu que eleições legislativas antecipadas são “a única forma” de clarificar a situação política e que devem acontecer “o mais depressa possível”.
Não devemos olhar para os atos eleitorais como momentos que sejam um estorvo para a nossa vida política democrática. Antes, pelo contrário, é uma oportunidade para nós desbloquearmos a situação de crise política em que nós estamos e de iniciarmos uma nova fase da vida política em Portugal com estabilidade, com confiança nas instituições, com confiança no Governo, com confiança no primeiro-ministro", defendeu.
O líder do Chega revelou que o Presidente da República pareceu estar “mais tendente” a marcar eleições legislativas antecipadas para dia 11 de maio, em detrimento de 18 de maio.
André Ventura disse que, nesta audiência com o chefe de Estado, não se opôs a nenhuma das datas. O processo deve ser “rápido e célere para ultrapassar a crise política”, salientou.
Na mesma linha, o líder da Iniciativa Liberal, que voto favoravelmente a moção de confiança, defendeu que o país deve ter eleições antecipadas “tão depressa quanto possível”, admitindo que podem realizar-se em 11 de maio.
Rui Rocha criticou o aconteceu na véspera, no debate parlamentar da moção de confiança, que apelidou como o “dia da irresponsabilidade”, defendendo uma “ideia de serviço dos interesses dos portugueses” e não “do taticismo e dos golpes palacianos”.
Já Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), prefere eleições no dia 18 de maio, justificando que devem ser “o mais rapidamente possível” mas “é preciso tempo” para a validação dos candidatos pelos partidos.
“Tivemos oportunidade de dizer ao Presidente da República que a data preferida ou que achamos mais razoável seria 18 de maio”, afirmou.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acompanha o calendário apontado pelo Presidente da República para as eleições legislativas antecipadas e não manifestou preferência entre 11 ou 18 de maio.
Questionado se o PCP está disponível para uma solução à esquerda para resolver os problemas que apontou, Paulo Raimundo começou por afirmar que “quem decide é o povo” e são os eleitores que “têm nas mãos a definição do cenário da noite e no pós-eleições”. “A segunda questão, talvez a grande condição e a condição decisiva, é que o cenário pós-eleitoral só terá resultado na resolução desses problemas que identificámos quanto mais força tiver o PCP e a CDU”, defendeu o líder comunista.
O porta-voz do Livre Rui Tavares manifestou a preferência por 11 de maio para a realização de legislativas antecipadas, alertando que este ato eleitoral não pode colocar em causa a comemoração solene do 25 de Abril no Parlamento.
Rui Tavares lamentou a chegada “ao fim de linha muito rápido” com a queda do Governo e a “teimosia do primeiro-ministro”, levando a que Marcelo Rebelo de Sousa ficasse “com menos ferramentas para agir do que aquelas que a Constituição lhe dá”.
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, prefere que as eleições legislativas antecipadas aconteçam no dia 18 de maio, tendo em conta as peregrinações a Fátima que habitualmente acontecem nesse mês.
“O CDS entende que as eleições devem acontecer o mais rápido possível”, para que esta “crise política escusada” seja resolvida, afirmou o também ministro da Defesa.
A porta-voz do PAN defende a realização das eleições antecipadas em 18 de maio para que os partidos tenham tempo de se organizar internamente, um apelo ao qual diz que o Presidente da República foi sensível.
“O PAN apelou ao senhor Presidente da República que desse tempo aos partidos para poderem organizar os seus processos de auscultação interna para estas eleições, do mesmo modo em que tivemos nas últimas eleições essa oportunidade que foi dada aos principais partidos do sistema para se poderem organizar internamente", disse Inês de Sousa Real.
Depois de receber os partidos com assento parlamentar, Marcelo Rebelo de Sousa reúne na quinta-feira o Conselho de Estado, para analisar a crise política em curso.