13 mar, 2025 - 00:51 • Manuela Pires
Um dia depois da queda do Governo e já com eleições à vista, Luís Montenegro explicou esta quarta-feira à noite, na reunião do Conselho Nacional do PSD, em Lisboa, que o verdadeiro motivo que vai levar o país de novo a votos é o sucesso do Governo e a popularidade do primeiro-ministro.
“A razão para esta situação é o sucesso do atual Governo e a popularidade do primeiro-ministro”, disse Montenegro.
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No discurso inicial, que foi aberto à comunicação social, Luis Montenegro avisou que “não vai desistir” e que está para “durar”, quer no PSD e no governo do país.
“Se pensam que eu, em algum momento, hesitarei em continuar a dar tudo o que tenho a favor do nosso país e do nosso projeto, não se cansem, porque estou aqui para dar e durar”, avisou o líder do PSD.
Luís Montenegro criticou a oposição e, sem nunca mencionar o Partido Socialista ou Pedro Nuno Santos, disse que “os políticos interessados em fazer cessar uma caminhada de um rumo, são os que estão a trair o interesse nacional”.
O líder do PSD conclui que a oposição, ao atacar o primeiro-ministro, está a fazer “um jogo político baixo daqueles que não querem discutir a realidade do país. É a última esperança que os mais fracos se lançaram para tentar quebrar um caminho de um país inteiro”.
“Não os conseguimos vencer nas políticas, não os conseguimos vencer nos resultados. Vamos tentar vencê-los cortando a cabeça ao Governo”, conclui o primeiro-ministro, que avisa que está de consciência tranquila e que vai à “conquista do povo”.
Num discurso de cerca de 40 minutos, o primeiro-ministro enumerou as principais medidas tomadas pelo Governo e voltou a dizer que o país estava numa situação de estabilidade política e que as pessoas não vão conseguir perceber como é que Portugal vai de novo a eleições.
“Será muito difícil explicar-lhes como é que não conseguiram resolver questões que, no entender da grande e esmagadora maioria do povo, não eram suscetíveis de criar esta situação”, disse.
O primeiro-ministro, que nunca falou da empresa familiar Spinumviva que conduziu o país a estar crise política, disse aos conselheiros que está de consciência tranquila.
“Não devo nada a ninguém e tomara eu que a política portuguesa estivesse preenchida com tantos agentes e protagonistas com independência que sempre tive até hoje e vou continuar a ter”, disse o primeiro-ministro.
O Conselho Nacional do PSD contou a com a presença do presidente da Assembleia da República. José Pedro Aguiar-Branco, sabe a Renascença, trouxe um discurso escrito e apontou as críticas ao líder do Partido Socialista, dizendo mesmo que nem André Ventura fez tanto mal ao país quanto Pedro Nuno Santos.
Aguiar-Branco defendeu que foi aberta uma "porta perigosa" quando se começaram a utilizar as comissões parlamentares de inquérito (CPI) para "atacar pessoas" e "para efeitos de devassa e voyeurismo".
O presidente do Parlamento deu o exemplo da CPI ao caso das gémeas pedida pelo Chega, para comparar com o que o PS quer fazer “ouvindo os filhos do primeiro-ministro”.
“Pedro Nuno Santos fez pior à democracia nestes últimos seis dias do que André Ventura nos últimos seis anos”, acusou Aguiar-Branco na declaração aos conselheiros nacionais.
O presidente do Parlamento disse ainda que a queda do Governo foi um ataque ao “regime” e que não pode ser normal que um deputado se possa "substituir à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, para perseguir outros deputados, ministros ou primeiros-ministros".
Na reunião que teve sala cheia, com o Governo em peso e com a presença de muitos deputados, Manuela Ferreira Leite marcou presença para pedir a Montenegro que não abandonasse a direção do partido e para pedir ao PSD que a única decisão que pode ser tomada é a recondução de Luis Montenegro na liderança do partido.
"Vinha cá pedir para não desistir porque o país precisa de si”, apelou a antiga líder do partido.
“O PSD nunca poderia alinhar em nenhuma decisão que não fosse a recondução de Luís Montenegro”, defendeu Ferreira Leite.
A antiga ministra criticou o atual líder do Partido Socialista, dizendo mesmo que nunca os anteriores secretários-gerais do PS iriam “lançar as pessoas na lama”.
“Não acredito que o dr. Mário Soares ou o dr. Jorge Sampaio fizessem uma campanha na base do lançamento de lama. Nunca vi nada tão baixo na política portuguesa como aquilo a que assisto neste momento”, disse Ferreira Leite.
Manuela Ferreira Leite está muito preocupada com o rumo que a democracia está a levar e, perante a atual situação, diz que os ataques a que estamos a assistir são “o caminho certo para a ditadura”.