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Conselho Nacional do Chega

Ventura encosta PS ao PSD e define como objetivo "formar" governo e "dar" ao país um primeiro-ministro "com ética"

16 mar, 2025 - 15:48 • Susana Madureira Martins

Ventura define estratégia para as legislativas de maio e pede "oportunidade" para Chega formar Governo "de direita". Decisão sobre candidatura às presidenciais poderá ficar para depois das eleições de maio.

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O líder do Chega, André Ventura, encosta o PSD ao PS e define como objetivo "formar um governo em Portugal e dar um primeiro-ministro com ética". O líder do partido falava no arranque da reunião do Conselho Nacional do partido, que está a decorrer, este domingo, num hotel da cidade de Beja.

A reunião deste domingo centra-se, sobretudo, na estratégia para as legislativas e, segundo apurou a Renascença, possivelmente, só após as eleições de maio Ventura deverá tomar a decisão sobre a sua anunciada candidatura às presidenciais de 2026.

Colando o PS ao PSD, Ventura diz que "não há apenas alternativa do PSD ao PS. Temos de dizer que só há uma outra alternativa com vontade de ser Governo, que somos nós" .

"Para nós há um objetivo: formar um governo em Portugal e dar um PM com ética", defendeu Ventura, acrescentando que "o país e o Chega precisam de um caminho que tem de ser claro" e é isso que pretende que o Conselho Nacional valide este domingo.

"Vivemos provavelmente o momento mais desafiante de toda a nossa história", defendeu Ventura, criticando Luís Montenegro por considerar que não "conseguiu construir nenhuma solução de Governo". O líder do Chega diz que "o país não pode ficar parado entre a ameaça permanente do regresso do socialismo e um PSD que provavelmente está a caminhar a passos largos para o seu final e quer levar o país todo consigo".

Ventura assume, assim o Chega como alternativa de poder a PSD e PS. "Temos que dizer ao país que só há uma outra alternativa, uma alternativa com capacidade, uma alternativa com o número de deputados suficiente, uma alternativa com vontade de ser governo, e essa alternativa somos nós. Connosco pouco importa se não é não ou se sim é sim", atira Ventura, fazendo menção ao limite imposto por Luís Montenegro.

"O Chega também tem casos. Nunca virei a cara ao combate a criticar quando era preciso e a expulsar", começou por dizer Ventura, ressalvando que "há uma grande diferença. Já não temos lá na bancada o Miguel Arruda, mas olhamos para a Madeira e o Miguel Albuquerque ainda lá está", referindo-se ao líder regional, que vai a votos no próximo fim-de-semana.

Dar ao país um Governo de direita e um PM "com ética"

Ser alternativa de poder, "formar "um Governo de direita em Portugal e "acabar" com o socialismo. São os objetivos de Ventura, que, contudo, não diz taxativamente que quer ser primeiro-ministro. Critica o atual, Luís Montenegro que acusa de "irresponsabilidade gritante", que ,perante "factos incontornáveis prefere atirar o país todo para a lama do que ser ele próprio a sair com dignidade".

Ventura vai mesmo mais longe e diz que a "atitude de Montenegro não está a ser muito diferente de muitos ditadores sul-americanos" que, "perante problemas ou de justiça ou de integridade atiram o país para a lama e para a confusão para fazer uma espécie de plebiscito nacional da sua integridade. Pois os portugueses não querem plebiscitos à integridade", diz o líder do Chega.

"Os portugueses queriam que governasse, e se possível que tivéssemos um primeiro-ministro com integridade e com ética que já vimos que não temos e não tivemos nos últimos meses em Portugal. É isso que pedem, é isso que queremos, é isso que nós lhes vamos dar", diz Ventura.

A "oportunidade", que "isto, pior que está, não fica".

Ventura pede, por isso, uma "oportunidade" nas eleições legislativas de maio. "Desconfiam do André Ventura? Têm dúvidas? Será que vai ser exigente demais? Será que vai ser autoritário? Será que vai mexer o país demasiado nas suas fundações? O que é que têm a perder? Nós pedimos uma oportunidade. Uma. Depois nos julgarão como julgaram os outros durante 50 anos", diz o líder do Chega.

"Crescemos muito, é verdade. Mas ainda não nos deram a oportunidade de tomar as decisões de transformação do país. Na Economia, na Saúde, no combate à corrupção e a este conluio", lamenta ainda Ventura. "Dêem-nos uma oportunidade, uma. É quase como dizia o brasileiro Tiririca. Isto, pior que está, não fica, é impossível".

A explicação final para o "não é não" de Montenegro

Perante o caso da empresa da família do primeiro-ministro, Ventura parece ter encontrado a explicação para o cordão sanitário imposto pela AD ao Chega. "Na verdade, o 'não é não' não tinha nada a ver com ideologia, nem sequer com pensamento político. Tinha a ver com não quererem escrutínio àquilo que iam fazer", conclui o líder do Chega.

"Agora percebemos bem porque é que não queriam o Chega como parceiro. Porque com todas estas irregularidades, com todas estas ilegalidades, com toda esta falta de ética, nós já tínhamos mandado este primeiro-ministro dar uma volta se fôssemos parte deste Governo", conclui o líder partidário.

Se formar Governo, Ventura promete apresentar "maior pacote" anti-corrupção da "história"

Durante uma intervenção que durou 30 minutos, Ventura falou ainda do combate à corrupção, prometendo que, se formar Governo, na sequência das eleições legislativas de maio, "no dia a seguir" à tomada de posse fará entrar no Parlamento "o maior pacote anti-corrupção da história".

Ventura assume que não pode "prometer o céu e a Terra", mas garante que se o Chega formar Governo irá "enfrentar o enriquecimento ilícito de frente", considerando que "um político não pode chegar a Lisboa com 100 e sair de Lisboa com 1000".

O líder do Chega criticou ainda a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que considera "incapaz" no que diz respeito ao combate à corrupção. "Zero", resume Ventura, que acrescenta que o objetivo do partido é "acabar com 50 anos de corrupção".


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