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BE acusa Câmara de Loures de violência por querer demolir bairro ilegal sem alternativas

17 mar, 2025 - 13:44 • Lusa

Mortágua disse que a autarquia de Loures não tem dado alternativas aos moradores do bairro ilegal, acrescentando que houve até ameaças de "retirar os filhos" de quem lá vive e que há quem tenha arriscado perder o emprego para garantir que as suas casas não são demolidas.

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A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou hoje a Câmara de Loures de agir com violência contra os moradores de um bairro ilegal no concelho ao anunciar a demolição das casas sem apresentar alternativas habitacionais aos moradores.

"Quando uma Câmara Municipal faz um anúncio de demolição de casas, as pessoas não têm alternativa. São pessoas que trabalham, mas não conseguem encontrar uma alternativa de habitação, a solução para estas pessoas forem despejadas, desalojadas, se as suas casas forem demolidas, é viver debaixo daquela ponte que ali está à frente", afirmou a coordenadora do BE.

A dirigente bloquista falava aos jornalistas durante uma ação de solidariedade no bairro clandestino das Marinhas do Tejo, que a autarquia de Loures pretende demolir, localizado em Santa Iria da Azóia.

Embora a Câmara de Loures já tenha informado que vai avançar com as demolições, ainda não se realizaram e não têm data prevista, mas Mariana Mortágua considera que o despejo é iminente, estando apenas a mobilização dos moradores e ativistas a retrair as intenções da autarquia de "entrar com as máquinas" no espaço onde está hoje o bairro clandestino.

Questionada sobre os argumentos da Câmara Municipal de que as demolições se justificam por razões de insalubridade, Mortágua reconheceu a falta de condições no bairro mas contrapôs que "mais insalubre do que isto é viver debaixo da ponte".

Mortágua disse que a autarquia de Loures não tem dado alternativas aos moradores do bairro ilegal, acrescentando que houve até ameaças de "retirar os filhos" de quem lá vive e que há quem tenha arriscado perder o emprego para garantir que as suas casas não são demolidas.

A líder do BE alertou que as situações dos moradores refletem um ciclo de empobrecimento e exclusão, afetando pessoas com empregos precários e salários baixos que não conseguem pagar uma habitação e acabam por construir a casa "onde conseguem e onde podem".

"A partir do momento em que são forçados a ter de defender a sua casa de "bulldozers" da Câmara Municipal, podem perder o trabalho", acrescentou.

Para a líder do Bloco, em causa está um caso de "violência que o Estado está a impor a famílias que estão a trabalhar" e que se veem nesta situação como resultado da crise na habitação que o país enfrenta.

"Quando há uma crise que expulsa as pessoas do centro de Lisboa e a classe média para viver cada vez mais longe das cidades, as pessoas que antigamente viviam nesses bairros vão ser empurradas para viver em barracas, e as pessoas que viviam em barracas vão ser empurradas para viver em tendas, e as pessoas que não podem viver em tendas vão ser empurradas para viver na rua", argumentou.

A bloquista insistiu que a solução para esta crise passa pela regulação e tetos nas rendas, para garantir que são adequadas aos salários, assegurar que as casas destinadas, por exemplo, a negócios de alojamento local são usadas para fins habitacionais e uma maior construção pública.

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  • Hipocrisia do costum
    17 mar, 2025 Portugal 14:49
    Muito do que acontece e do que vai acontecer, é culpa desta figura, do Tavares, da Leitão e da ala radical do PS, quando alinharam nessa política de "porta aberta" à imigração e a coberto desse estropício da "manifestação de interesse" deixaram-nos cá entrar às centenas de milhar, quando não havia respostas dos serviços públicos, nem casa, nem empregos nem qualquer hipótese de integrar com sucesso, essa massa humana que aqui desembarcou. Agora, vem com lágrimas de crocodilo, e a fazer acusações, quando os problemas tiveram origem em Legislação que ela fez e aprovou.

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