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"Católicos não podem alhear-se" da política, defende patriarca de Lisboa

20 mar, 2025 - 20:41 • Tomás Anjinho Chagas

D. Rui Valério recebeu Alexandra Leitão, candidata do PS à Câmara de Lisboa, e pede participação dos católicos em plena crise política. Líder parlamentar socialista considera que a Igreja tem papel "inestimável" na sociedade portuguesa. Tema dos abusos não foi abordado.

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"Católicos não podem alhear-se" da política, defende patriarca de Lisboa
"Católicos não podem alhear-se" da política, defende patriarca de Lisboa. Foto: Miguel A. Lopes/Lusa (arquivo)

O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, alerta que os católicos "não podem alhear-se" de intervir em plena crise política.

Em declarações à Renascença, depois de receber Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS e candidata socialista à Câmara Municipal de Lisboa, o bispo considerou que não é altura para a comunidade católica estar em silêncio.

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"São João Paulo II falava da civilização do amor e ela desenvolve-se e constrói-se através de uma ação participativa. E os cristãos, e concretamente os católicos, não podem alhear-se deste compromisso para com o bem comum, para com a coisa pública. É um alerta", afirmou D. Rui Valério.

As declarações do patriarca de Lisboa surgem depois de ser questionado pela posição assumida por D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, que pediu aos diocesanos que se envolvam "nos partidos" e apelou a uma campanha eleitoral sem "assassinatos de caráter".

D. Rui Valério considera que tem vindo a alertar para a necessidade da comunidade católica ter uma voz, argumentando que têm um "manancial de referências éticas" que seriam importantes na política.

"Há vários anos que um dos pontos fortes da minha ação tem sido alertar para a necessidade de uma consciência cívica superior, amadurecida, elevada, por parte de todos os cidadãos, no envolvimento na ordem pública. E concretamente os cristãos que têm consigo um manancial de referências éticos, civilizacionais, visão de uma sociedade que é verdadeiramente humana e humanista", afirma o patriarca de Lisboa.

Sobre a reunião com Alexandra Leitão, o bispo de Lisboa revela que o tema das pessoas em situação de sem-abrigo, a falta de condições de habitação e os salários baixos estiveram em cima da mesa.

Alexandra Leitão destaca papel "inestimável" da Igreja. Abusos não foi tema

Também em declarações à Renascença, depois da audiência com o patriarca de Lisboa, Alexandra Leitão fala numa conversa "útil, simpática e introspetiva" e sublinha o papel que a Igreja tem na resolução de problemas graves na cidade de Lisboa.

"Em áreas como o apoio social, aos mais vulneráveis, é obviamente é parceiro inestimável. Seja qual for a força política que esteja à frente da Câmara Municipal de Lisboa não pode descurar e tem que fomentar essa parceria, é inestimável", vinca a candidata socialista à autarquia.

A candidata do PS à Câmara de Lisboa, e atual líder parlamentar dos socialistas, foi muito crítica quando saiu o relatório dos abusos de menores no seio da Igreja, e chegou a falar em "revolta e indignação" com a instituição. No entanto, Alexandra Leitão assegura que esse não foi um dos temas da reunião desta quinta-feira.

"Não, não, estivemos a falar sobre Lisboa essencialmente e sobre estes problemas da cidade de Lisboa, sim escrevi um artigo no Expresso sobre esse assunto, mas eu acho que boa parte da Igreja também já tem um pensamento muito estruturado sobre essa matéria, felizmente", responde Alexandra Leitão.

Já questionada sobre a intervenção de D. Américo Aguiar, Alexandra Leitão ressalva que não leu as declarações do bispo de Setúbal, mas vinca que "não vê qualquer problema" num "apelo genérico à elevação do discurso" durante a campanha.

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