21 mar, 2025 - 16:08 • Susana Madureira Martins
Gonçalo da Câmara Pereira admite integrar uma nova Aliança Democrática (AD) para as eleições legislativas antecipadas de maio. A partir de segunda-feira, o presidente do Partido Popular Monárquico (PPM) irá entrar em contacto com o PSD para avaliar qual é a possibilidade de renovar a coligação.
Numa curta entrevista à Renascença, durante uma viagem a caminho de Aveiro para assinar um acordo de coligação com a AD para as autárquicas naquele concelho, Gonçalo da Câmara Pereira desvaloriza o caso que envolve Luís Montenegro e a empresa da família. “Não tem problema. É uma coisa que, a mim, não me afeta”, diz o líder partidário.
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Crítico das posições da Iniciativa Liberal, Gonçalo da Câmara Pereira não afasta, contudo, a necessidade de o PSD ter de vir a precisar dos liberais para formar maioria no Parlamento. Mas avisa: “Desde que não venham chocar com os nossos valores”.
Está disponível para fazer, de novo, parte da coligação AD? Já foram feitos contactos nesse sentido com o PSD?
Ainda não temos contactos nenhuns, porque estou preocupado aqui com as eleições da Madeira. Vou começar, a partir de segunda-feira, com as démarches para irmos a eleições, seja em coligação com a AD, manter a AD, seja irmos sozinhos, não temos qualquer problema. Nunca seremos um fator de desestabilização da sociedade, isso é que para nós é mais importante. Não procuramos lugares, mas procuramos influenciar, talvez, o programa. Vamos ver se os nossos parceiros de coligação querem manter a AD, se não querem e se querem integrar dentro do programa parte do nosso programa, influenciar também o programa da AD.
E o PPM está disponível para isso?
Nós estamos sempre disponíveis para criar estabilidade e se acharem que vale a pena o PPM estar nessa coligação, nós estaremos. Não temos problemas, não procuramos lugares. Não há dúvida nenhuma que Portugal precisa de estabilidade, neste momento. Os portugueses andam desmoralizados com tudo o que se está a passar, mas isso também se deve ao fator de desestabilização permanente do Presidente da República.
Em oito anos foi um fator de desestabilização, de instabilidade. Temos que pôr as culpas também em quem é responsável por chegar a este estado. humano.
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Ao longo da legislatura que agora terminou, prejudicou o trabalho da AD e do Governo?
Prejudicou e foi sempre um fator de desestabilização, já no anterior governo do Partido Socialista, com o António Costa, sempre com os seus comentários fora de tempo, sempre contrariando.
Em relação ao primeiro-ministro, é ele que vai a votos, com o peso de um caso da sua empresa familiar às costas. Para o PPM, esse não é um problema para uma coligação com o PSD?
Não, para mim não vejo problema nenhum. Se ele tem os seus bens e se trabalhou, olhe, ainda bem que trabalha, em prol dele e depois em prol do povo português, principalmente. Não tem problema. É uma coisa que a mim não me afeta. Devia afetar, talvez, o próprio PSD, agora o povo português não se sente muito afetado. Se um homem que trabalha, que tem os seus bens, que se põe a fazer, a disponibilizar-se para ajudar o povo português, até é bom. A mim não me faz confusão, eu toda a vida trabalhei e toda a vida colaborei naquilo que posso dentro das minhas possibilidades na política. Portanto, a mim não me faz confusão nenhuma.
Não será por aí que não haverá uma coligação entre o PPM e o PSD?
Sim, não é por aí, não é por aí. Nós temos mais preocupação com a estabilidade. Nós precisamos de estabilidade, os portugueses precisam de estabilidade. Estamos permanentemente em eleições. na Madeira também está o caos, não se percebe. Os portugueses não merecem isso.
Neste episódio 4 do podcast, Aline Hall de Beuvink(...)
Em relação ao pós-eleições, a possibilidade de a AD ter de se coligar, por exemplo, com a Iniciativa Liberal, para formar maioria. Para o PPM não tem problema?
Nós somos um partido que é contra a eutanásia e contra o aborto. Portanto, meter um partido dentro de uma coligação que tem estes valores, que chocam contra os nossos, não me parece que estejamos disponíveis. É preciso ver que o Partido Liberal é um partido que é contra os nossos valores e os valores portugueses. Um partido que quer o aborto e prevê uma liberdade demasiadamente grande, um capitalismo desenfreado, também não é bom para nós que somos um partido ecologista e ambientalista. Não estou a ver o nosso partido entrar numa coligação com alguém que tenha esses valores.
No pós-eleições pode ser necessário fazer uma aliança com a Iniciativa Liberal ou, pelo menos, um acordo de incidência parlamentar?
Sim, acho que isso é possível. Desde que não se alterem estes valores ou não venham chocar com os nossos valores, com os valores do PPM, não tenho problema nenhum.
O PSD devia colocar no programa eleitoral a revogação da eutanásia, que neste momento ainda está em fase de regulamentação?
Acho que não vale a pena, é deixar estar como está, porque é que vamos criar confusão nos espíritos portugueses? Fica como está. Os portugueses nem são a favor da eutanásia. Somos todos a favor da vida. Portanto, se disfarçarem e deixarem aquilo em ponto morto, até os portugueses começarem a ter consciência do que pode acontecer, não tenho muita preocupação, acho que até era bom para o PSD manter isso e não criar mais instabilidade no povo português.