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Legislativas

Fernando Araújo acusa Governo de não confiar no SNS

26 mar, 2025 - 21:45 • Lusa

Antigo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde lamenta "ausência de uma visão e de um plano para essa gestão".

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O antigo diretor executivo do SNS Fernando Araújo acusa o Governo de não confiar no Serviço Nacional da Saúde (SNS) nem ter uma visão e um plano para a sua gestão, considerando que o PS acredita neste sistema e nos seus profissionais.

Fernando Araújo, que se demitiu do cargo há mais de um ano, falou esta quarta-feira aos jornalistas depois de participar na sessão setorial sobre SNS que o PS promoveu no âmbito no ciclo de debates que está a promover para atualizar o programa eleitoral que vai apresentar às próximas eleições legislativas.

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"O Governo e o Ministério da Saúde acharam que não tinham capacidade para gerir o SNS e era preferível entregar essa gestão a outros. O que nós hoje observamos aqui à volta desta mesa, é que há formas de gerir melhor o SNS. Há propostas, há medidas, há opções que podemos tomar", defendeu.

Na opinião do antigo diretor executivo do SNS, "o Governo e o Ministério da Saúde não confiam no SNS".

"Nós acreditámos no SNS e nos seus profissionais. Eu acho que essa é a grande diferença. E por isso, saímos daqui com a consciência de que o trabalho vai ser demorado, o trabalho é exigente e é complexo, mas é possível voltar a dar uma vida nova ao SNS, em que os utentes e os profissionais acreditem", contrapôs.

Questionado sobre avaliação que fazia do rumo da direção executiva do SNS, Fernando Araújo respondeu que aquilo que o preocupa vai mais longe do que essa estrutura porque o que está em causa é "a própria gestão global do SNS".

"Muito mais que a direção executiva, é o SNS como um todo que nos preocupa, a ausência de uma visão e de um plano para essa gestão", lamentou.

O médico foi questionado sobre a possibilidade de vir a integrar um futuro Governo do PS como ministro da Saúde, mas considerou que isso não é uma questão que se coloque neste momento porque o foco é "apresentar aos portugueses propostas e medidas que as pessoas possam acreditar e que vão defender o SNS".

"Esse é com o grau do nosso grande desígnio neste momento. Tudo o resto são ilações", respondeu.

Quanto a integrar as listas de deputados, Fernando Araújo disse que isso era algo que competia ao PS e que o seu trabalho neste momento era contribuir com ideias.

"Estou sempre disponível, como estive noutros períodos, para ajudar o SNS nas funções que eventualmente me solicitam ou peçam. Portanto, estou neste momento até como médico, já estive com funções de dirigente, e contribuirei no futuro, sempre que eu ache que possa trazer algum contributo, por mais humilde que seja, estarei disponível para ajudar o SNS a voltar a ter aquela nova vida que todos nós desejamos, com respostas consistentes para os portugueses", assegurou.

Recordando que, nas eleições de há pouco mais de um ano, a AD prometia que "num curto espaço de tempo conseguia resolver muitos dos problemas de saúde", o médico considerou que isso não aconteceu, dando como exemplo o facto de haver mais utentes sem médicos de família, um crescimento das listas de espera ou o fecho de urgências.

"Prometeram-nos que iam conseguir cativar mais profissionais de saúde e nos concursos que ocorreram neste período verificámos menor adesão dos profissionais aos concursos. Conseguiram cativar menos as pessoas a ficar no SNS", criticou, recordando as promessas na promoção de saúde para a qual diz não ter havido nenhuma medida. .

Também as contas da Direção-Geral do Orçamento merecem preocupação de Fernando Araújo uma vez há "uma crescente subida da despesa, não controlada, não alinhada com o orçamentado".

Em abril do ano passado, Fernando Araújo anunciou que ia apresentar a demissão à ministra da Saúde, alegando que não quer ser obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considere necessárias.

Segundo referiu, esta "difícil decisão" permitiria que a nova tutela pudesse executar as políticas e as medidas que considerasse necessárias, evitando que direção executiva pudesse ser considerada "um obstáculo à sua concretização".

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