07 abr, 2025 - 23:13 • Tomás Anjinho Chagas
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, revela que André Ventura nunca pediu desculpa em nome do Chega, na sequência das ofensas que diz ter recebido de deputados do partido.
"É uma conduta reiterada e repetida, e ao contrário de outros membros do partido Chega, nunca ouvi uma palavra de desculpas de André Ventura", afirma Inês Sousa Real, durante o debate entre os dois líderes, transmitido esta segunda-feira à noite pela RTP3.
Num dos momentos mais tensos do debate, André Ventura recusou pedir desculpa e considerou que foi o "deputado mais ofendido provavelmente na história parlamentar toda" e lamenta que Inês Sousa Real também "nunca teve uma palavra para isso".
Numa troca acesa de acusações, a porta-voz do PAN denuncia que já ouviu mugidos de vaca durante as suas intervenções, e em resposta, André Ventura revelou que deputados do Chega já foram chamados "animais, fascistas e racistas".
No arranque do debate, André Ventura afirmou que o que temos visto nos últimos dias "é preocupante" e vinca o "aumento significativo do número de violações" que consta no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024, em que este crime aumentou 10% em comparação com o ano anterior.
O líder do Chega critica o ambiente de "impunidade" que se instala quando condenados por violação têm a sentença de pena suspensa. Ventura lamenta que os restantes partidos tenham chumbado as propostas do Chega sobre este tema e acusa o PAN, Livre e Bloco de Esquerda de "tornarem as mulheres em objetos".
Do lado do PAN, Inês Sousa Real afirma que "o Chega tem de parar de mentir às pessoas", e responde que o partido foi a força política que "mais tem conseguido aprovar medidas para proteger as vítimas de abuso sexual".
André Ventura aproveitou a ocasião para acusar Inês Sousa Real de ter patrocinado um governo que caiu por suspeitas de corrupção, referindo-se ao acordo de incidência parlamentar assinado pelo partido de Sousa Real na Região Autónoma da Madeira, que completou a maioria que suportou o governo de Miguel Albuquerque em 2023.
Ao mesmo tempo, o PAN votou muitas vezes ao lado dos partidos da geringonça durante as últimas legislaturas. Questionada sobre como se posiciona o partido no espectro político, Inês Sousa Real defende que o partido tem "sabido dialogar com os diferentes partidos" para conseguir aprovar medidas "no meio deste lodo parlamentar".
Inês Sousa Real argumenta que "as pessoas não querem saber se as medidas que fazem mais diferença na sua vida estão à esquerda ou à direita" e acabou por não ser mais concreta se está mais perto do PS ou da AD, rejeitando que isso seja um "vazio ideológico".
Já o Chega foi questionado sobre a possibilidade de se entender com o PSD, mesmo depois de ter usado a expressão "nunca é nunca", referindo-se a Luís Montenegro.
André Ventura acusa o primeiro-ministro de "insistir em manter-se à margem de suspeitas graves que existem sobre ele", e afirma que comprar casas a pronto em Lisboa lhe faz lembrar José Sócrates.
"Qual é o exagero? Eu não conseguia chegar a Lisboa e comprar uma casa a pronto. Porquê? Porque sou político. Quando um político consegue é porque ou é rico, e isso não é mau, ou então enriqueceu de forma suspeita", acusa o líder do Chega.
Depois da insistência do jornalista, André Ventura afirmou que "enquanto não houver clareza e transparência nunca será nunca".
Inês Sousa Real, a terminar, lamentou que André Ventura emita mentiras de forma oportunista.