07 abr, 2025 - 22:26 • Manuela Pires
O caso da empresa familiar do primeiro-ministro marcou o primeiro debate para as legislativas de 18 de maio, entre Luís Montenegro, da AD, e Paulo Raimundo, do PCP.
"Mas do que é que me acusam?" Perguntou Luís Montenegro ao secretário-geral do PCP, que considera que é incompatível o primeiro-ministro ter mantido a empresa Spinumviva na esfera familiar enquanto liderava o Governo. No debate na TVI, Paulo Raimundo disse ter a certeza de que a atitude que Montenegro devia ter tomado era demitir-se do cargo.
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“Do que é que me acusam? Digam-me, porque, sinceramente, o que é que a minha atividade política sofreu, do ponto de vista da sua contaminação, de eu ter uma atividade profissional? Eu não tenho direito a ter profissão, eu não tenho direito a ter uma atividade profissional e já agora a minha família também não tem direito”, perguntou Luís Montenegro ao secretário-geral do PCP.
Paulo Raimundo diz que o líder da AD está a vitimizar-se e considera que o primeiro-ministro devia ter-se demitido e que o problema não vai ficar resolvido com as eleições legislativas antecipadas.
“Luís Montenegro considera que é tudo normal, mas nós não temos dúvidas que aquilo que se passou é incompatível com as funções governamentais. O contributo que devia ter dado à democracia era demitir-se”, disse Paulo Raimundo.
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A polémica empresa da família de Luis Montenegro marcou os primeiros minutos deste debate onde o primeiro-ministro voltou a dizer que nunca beneficiou de qualquer empresa e que nunca houve “contaminação”.
“Vou responder às dúvidas que me forem colocadas. Agora, não posso ser culpado por ter trabalhado. Não posso ser responsabilizado por aquilo que não faço. Não houve nunca nenhuma contaminação”, referiu Luis Montenegro.
O tema divide os dois candidatos e Paulo Raimundo, do PCP, contesta a opção do Governo em avançar para as parcerias público-privadas (PPP) para a gestão de vários hospitais, mas Montenegro garante que está a implementar o que diz ser as melhores soluções para dar resposta aos utentes.
“Vamos à gestão privada encontrar melhores soluções de gestão para sermos mais eficazes a dar resposta aos cidadãos, nós vamos tomar essa decisão. Se isso significar parcerias público-privadas de gestão, nós vamos decidir e implementar. Se isso significar, inclusivamente, parcerias público-privadas para conceber e construir novas unidades, nós vamos fazê-lo, como estamos a fazer em Lisboa”, disse Luís Montenegro.
O líder da AD voltou a dizer que não mistura a ideologia com a saúde, mas Paulo Raimundo responde que a opção pelas PPP é uma opção ideológica que não vai resolver o problema do SNS.
“É uma opção ideológica, transferir os recursos públicos, mais de metade do orçamento do Serviço Nacional de Saúde, direitinho para aqueles que fazem da doença um negócio, esta é que é a grande questão. E depois, qual é o grande problema do Serviço Nacional de Saúde? É a falta de condições de gestão. Será que são todos incompetentes? Não, a questão não é essa. O grande problema do Serviço Nacional de Saúde é a falta de profissionais, médicos, enfermeiros e outros técnicos”, respondeu Paulo Raimundo.
Durante o debate, que durou cerca de 30 minutos, os dois candidatos discordaram ainda sobre a descida do IRC, cuja taxa reduziu de 21% para 20 % no Orçamento do Estado para 2025.
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Paulo Raimundo diz que a perda de receita deste imposto dava para pagar, em quatro anos, “uma das urgências nacionais: uma rede pública de creches”. Luís Montenegro insiste que essa descida vai tornar as empresas mais competitivas que criam riqueza.
“Nós tínhamos inscrito no Orçamento de 2024, pelo PS, uma receita do IRC na casa dos 8 mil milhões de euros. Sabe qual foi a receita do IRC com base no crescimento e no desempenho económico? Foram mais de 10,2 mil milhões de euros. Ou seja, quando nós temos uma economia competitiva e que cria riqueza, nós superámos, em mais de 2 mil milhões de euros, a estimativa da receita do IRC”, afirmou o líder da AD.
O investimento na Defesa foi o último tema a ser debatido sendo já conhecida a posição do PCP que não concorda com um aumento de verbas na defesa. Paulo Raimundo referiu que não aceita que o dinheiro seja gasto em construção de bombas em vez de ser canalizado para a Saúde e Segurança Social.
“Nós não trocamos armas pela saúde, pelas pensões e pela segurança social. Nós não vamos abandonar essa batalha, não admitimos que se ponha o dinheiro na mão do trabalho”, referiu Paulo Raimundo.
Luís Montenegro garante que isso não irá acontecer e que um maior investimento na defesa é cumulativo às verbas para as áreas sociais. O primeiro-ministro diz aliás que a estratégia e criar indústria e com isso criar emprego.
“A nossa estratégia é fazê-lo de uma forma inteligente, que o mesmo é dizer, investir na nossa indústria para criar emprego, para desenvolver tecnologia, para fixar mais recursos humanos, para poder colocar as indústrias conexas com as indústrias de defesa a produzir e a criar riqueza”, referiu.