10 abr, 2025 - 17:23 • José Pedro Frazão
O social-democrata Duarte Pacheco acusa o Partido Socialista de querer reduzir todos os impostos sem garantir que essas promessas do programa eleitoral socialista são exequíveis. No programa Casa Comum da Renascença, o antigo deputado do PSD está de acordo com algumas medidas fiscais socialistas mas duvida da possibilidade de execução num contexto de incerteza económica internacional.
"É muito difícil querer reduzir tudo ao mesmo tempo. Medida uma por uma, todos somos a favor. Quem é que não é a favor do IVA Zero ou da descida de IRS ou da descida, mesmo que seja não para todos, para segmentos de empresas ao nível do IRC ou do IVA da eletricidade? Quase ninguém é contra. A questão é perceber se, como um todo, de uma só vez, há capacidade de aguentar isso. E a sensação é que não há", afirma o comentador da Renascença.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
O antigo coordenador do PSD na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças anota uma alteração da posição do PS ao nível do Imposto Único de Circulação. No seu programa eleitoral, o partido de Pedro Nuno Santos quer agora ver reduzido o IUC em "pelo menos" 20% nos veículos até média cilindrada com matricula posterior a Julho de 2007.
"Propuseram o agravamento quando estavam no Governo e agora, passado um ano, já passaram a defender a redução", denuncia Duarte Pacheco que pede cautela aos maiores partidos nas promessas que fazem em campanha. "Os eleitores estranham quando a esmola é grande. Ficam logo a pensar que se promete tudo e mais alguma coisa para ganhar votos, porque não é credível que se possa prometer tudo ao mesmo tempo".
Já a socialista Ana Catarina Mendes lembra que as propostas do PS são baseadas num cenário macroeconómico, tal como tem acontecido nos últimos anos.
"Reza a história que [o cenário económico] não só não falhou, como houve excedente de capital. Aquilo que o PSD gasta na descida do IRC, o Partido Socialista aplica verba igual nas várias medidas de apoio às famílias", responde a eurodeputada socialista que, nas próximas semanas, substitui Mariana Vieira da Silva - candidata às legislativas - no painel de comentário do programa Casa Comum.
A ex-ministra do PS acusa o Governo de ter desperdiçado o excedente orçamental que herdou, lembrando a importância deste instrumento na resposta à pandemia em 2020.
"Tenho muito receio do exercício orçamental deste Governo ao longo deste último ano, que foi gastar esse excedente orçamental, sem cuidar de perceber que podia haver uma outra crise qualquer", critica Ana Catarina Mendes, identificando um fator importante para lidar com a crise tarifária lançada pelos Estados Unidos.
A eurodeputada do PS critica a "inércia" do Governo a responder à guerra comercial em curso, criticando o discurso da "mera preocupação" de Executivo.
"É muito importante que estes debates sejam aproveitados em campanha eleitoral para explicar como é que se pode responder e deve responder nos apoios à tesouraria, no seguro de crédito, na cobertura de risco de exportação e nos apoios à internacionalização", sustenta a dirigente socialista lembrando a resposta do PS à pandemia com medidas como o lay-off simplificado.
A eurodeputada do PS pede ao Governo um plano para as empresas " no fabrico de têxteis, nas fileiras do vidro, cimento, produtos cerâmicos, bebidas, equipamentos informáticos, indústrias de comunicação, ótica, produtos eletrónicos ou o couro"
Duarte Pacheco lembra que o Governo prepara o anúncio de medidas no Conselho de Ministros desta quinta-feira após reuniões preparatórias com setores empresariais. O antigo deputado do PSD recusa a ideia de que outros países avançaram primeiro com medidas.
"Avançaram com anúncios, não com a sua concretização ainda. Antes de fazer os anúncios, é melhor ouvir as empresas e perceber realmente qual é o impacto que as tarifas vão ter como o Governo fez esta semana".