11 abr, 2025 - 15:39 • Susana Madureira Martins
O nome de Pedro Santana Lopes não foi sequer pronunciado pelo líder do PS, mas Pedro Nuno Santos foi transparente ao comparar o que diz serem as “trapalhadas” do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, à crise política que levou à demissão do antigo chefe de Governo do PSD, em 2004.
“Voltamos a ter um Governo que, em pouco tempo vai para eleições. De má memória, faz-me lembrar um governo de um antigo primeiro-ministro do PSD que sucedeu a Durão Barroso. Diria que este é um governo igual com mais cinco meses, que nos envolveu a todos em trapalhadas para as quais nós não tínhamos nem queríamos ser chamados”, disse o líder socialista esta sexta-feira durante um almoço com empresários.
Convidado a intervir num debate promovido pela Confederação do Comércio e Serviços, Pedro Nuno Santos atirou, de novo, ao primeiro-ministro acusando-o de ser o principal responsável pelas eleições legislativas antecipadas.
“Quando temos dois filhos chateados, nós simplificamos a coisa, a responsabilidade é dos dois, mas quer dizer, aqui cada um tem que assumir as suas responsabilidades e nós, ao longo de um ano, o contributo que demos foi para que houvesse estabilidade política em Portugal”, disse Pedro Nuno Santos.
Falando diretamente aos empresários, o líder socialista referiu que a “estabilidade política” é um elemento “importantíssimo” para a Economia, carregando na tecla de que o PS foi esse “elemento de estabilidade” ao rejeitar duas moções de censura e ao viabilizar a proposta de Orçamento do Estado.
Provando mais uma vez que não deixará a situação da empresa familiar do primeiro-ministro de fora da campanha eleitoral, Pedro Nuno Santos responsabiliza diretamente Montenegro pela crise política que também tem consequências na Economia, tentando fazer o paralelo com o Governo-relâmpago de Santana Lopes.
“Se a mudança política não acontecesse, o manto de incerteza iria continuar”, salienta Pedro Nuno. “Continuamos a ter notícias sobre o líder do Governo” e isso, diz, “tem consequências na Economia”.
Antes de Pedro Nuno Santos falar aos empresários, falou o anfitrião, João Vieira Lopes, presidente da CCP, que considerou um “erro” a inexistência de uma secretaria de Estado do Comércio no Governo da AD. “É a primeira vez desde o 25 de abril” que acontece, garante Vieira Lopes, lamentando o “erro de perceção” sobre a valia de um setor que pesa na Economia.
Logo a seguir, Pedro Nuno Santos tratou de deixar a garantia de que, se o PS ganhar as eleições legislativas de maio, haverá, de novo, uma secretaria de Estado do Comércio.
“É não entender a importância e a centralidade do comércio e serviços”, acusou o líder socialista, para depois garantir que “num governo do PS haverá uma secretaria de Estado do Comércio”, considerando que “foi um dos erros graves deste Governo”.