15 abr, 2025 - 23:14 • Filipa Ribeiro
É mais o que separa do que o que une a Iniciativa Liberal (IL) e o Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
No frente-a-frente desta noite, Inês Sousa Real, do PAN, acusou a IL de seguir a agenda do partido Chega no que toca à criminalidade, criticou o modelo defendido pelos liberais para a saúde e acusou o partido de não cumprir o princípio da progressividade na proposta de IRS limitado a dois escalões.
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Por outro lado, Rui Rocha quis demonstrar que o modelo de saúde com recurso ao setor privado funciona no estrangeiro e constitui uma boa opção face ao atual estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sublinhando que a liberdade começa com uma boa segurança no país.
O presidente dos liberais voltou a reforçar que a solução do partido para a saúde está testada em países como a Alemanha e os Países Baixos, e que a inspiração portuguesa no sistema britânico "está em enormes dificuldades".
Rui Rocha realça que "quando temos 10 milhões de portugueses não podemos pensar que o SNS consegue responder a toda a população" e que o modelo de recurso ao privado que o partido defende vai "permitir que a capacidade instalada no país possa dar resposta".
Para o líder dos liberais, o partido não está a diminuir a oferta, mas sim "a aumentá-la para as pessoas escolherem", sem "nunca" ficarem prejudicadas, recordando as dificuldades que existem no país, nomeadamente nas urgências de obstetrícia.
Para o PAN, a solução para o Serviço Nacional de Saúde não passa pela privatização, mas sim por uma "melhor gestão". Inês Sousa Real critica os liberais por terem a ideia de que "um Estado tão pequeno cabe no bolso, esquecendo que o bolso dos portugueses não é igual para toda a gente ao final do mês".
A porta-voz do partido aproveitou a discussão sobre saúde para sublinhar ainda a necessidade de existir um "SNS para animais", propondo uma redução do IVA da saúde animal dos atuais 23%.
Os dois partidos continuam também distanciados quanto às questões fiscais. Apesar de ambos defenderem uma redução do IRC, é no IRS que as diferenças se tornam mais evidentes.
Inês Sousa Real acusa o partido de Rui Rocha de não respeitar o princípio da progressividade com uma proposta de IRS limitado a dois escalões, enquanto Rui Rocha considera que esse princípio está assegurado.
Para a líder do PAN, a proposta da IL não "chegaria à classe média", beneficiando "quem mais recebe".
Em defesa da proposta do partido, Rui Rocha critica Inês Sousa Real pela intenção do PAN de atualizar o IRS com base na inflação. "Era o que faltava", afirmou.
No que diz respeito à segurança, a porta-voz do PAN acusou a IL de seguir a agenda do Chega sobre criminalidade — em causa está a proposta dos liberais para que o relatório anual sobre segurança passe a incluir mais dados, como a nacionalidade na descrição dos crimes. Inês Sousa Real defende que os partidos deveriam estar antes alinhados em combater um problema que começa em casa, nomeadamente a violência contra mulheres e jovens.
A líder do PAN reforça que "os problemas de segurança começam em casa com a violência doméstica". Inês Sousa Real recorda os recentes crimes divulgados na comunicação social, inclusive os que envolvem crimes online, e defende que "as plataformas devem ser obrigadas a retirar as imagens de imediato" e que os crimes de violação devem ser públicos, lamentando a falta de ação dos partidos sobre os casos conhecidos mais recentemente.
Em resposta, Rui Rocha afirmou que o partido também está preocupado com os crimes conhecidos nas últimas semanas e que a IL é a favor de "continuar a discussão sobre tornar o crime de violação um crime público".
Sobre o clima, tema caro ao PAN, Inês Sousa Real acusou a Iniciativa Liberal de ter votado contra a lei de bases do clima, enquanto Rui Rocha garantiu que a IL é a favor do princípio da neutralidade tecnológica.