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LEGISLATIVAS 2025

PS vs. Chega: Do "está a irritar-me" de Ventura ao “tem de aguentar” de Pedro Nuno. IUC, IVA zero e imigração marcam debate

15 abr, 2025 - 23:22 • Susana Madureira Martins

Ventura anunciou que o Chega irá apresentar o programa eleitoral na quinta-feira e garantiu que a descida do IRC “não vai ficar dependente do PS”. Ex-secretário de Estado Hugo Mendes nas listas dos socialistas foi pedra no sapato de Pedro Nuno.

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Está a irritar-me”, disse a dada altura André Ventura no debate desta terça-feira à noite na TVI, para as eleições legislativas de 18 de maio, com Pedro Nuno Santos a responder ao líder do Chega: “tem de aguentar”. Em causa estava a proposta do PS de redução do imposto sobre os combustíveis e resultou num dos exemplos do debate tenso e duro entre ambos os líderes partidários.

O líder do Chega, André Ventura, usou muito o PS liderado por António Costa para confrontar o atual líder socialista. Foi o caso do IUC, cuja redução sempre foi evitada pelo anterior Governo por razões ambientais e que agora é defendida por Pedro Nuno. “Vocês aumentaram”, atirou Ventura.

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“Por acaso, a minha primeira decisão foi mesmo anular ou recuar no aumento do IUC”, respondeu o líder do PS a Ventura, que logo acusou o socialista de “eleitoralismo puro”. “Você estava lá no Governo e agora chega aqui e diz que viu uma luz nova?”, ripostou o líder do Chega, interrompendo, aqui e ali, Pedro Nuno Santos.

No debate transmitido pela TVI e moderado pela jornalista Sara Pina, os dois líderes mostraram-se distantes sobre política fiscal, imigração e sobre política de tarifas impostas à União Europeia pela administração Trump.

Foi, resto, sobre as tarifas que arrancou o debate, com Ventura a ser confrontado com a posição americana. “Eu não sou candidato dos Estados Unidos”, disse o líder do Chega, que acabou por reconhecer estar “contra” a imposição de tarifas, mas atirou logo o debate contra a política comercial da União Europeia.

Quem celebrou acordos com o Mercosul? Os amigos do Pedro Nuno Santos”, disse Ventura, que se insurgiu contra os produtos importados vindos da China, da Índia ou dos países sul-americanos: “Isso é que matou o nosso calçado e o têxtil”. O líder do Chega acabou por defender que “os produtos que vêm de fora têm de pagar mais” para proteger, por exemplo, os agricultores portugueses.

Pedro Nuno Santos defendeu, entretanto, que uma “guerra comercial pode levar a uma escalada de preços” e que as medidas do PS – IVA zero, redução do IUC – “vão diretamente ao custo de vida” das pessoas. “Têm impacto na redução do preço, num quadro de incerteza e de inflação, são as medidas boas”, justificou.

Ventura anunciou, entretanto, que o Chega irá apresentar o programa eleitoral na quinta-feira e garantiu que a descida do IRC “não vai ficar dependente do PS”, considerando que é preciso descer este imposto às empresas que “pagam uma taxa insustentável”. O líder do Chega acusou o PS de ter uma lógica de taxar “para distribuir pela malta que não quer fazer nada” e pelo que diz serem os “parasitas que estão no Estado”. “Comigo vai ser assim, cortar a direito”, atirou Ventura.

O líder socialista fez depois a defesa das “contas certas”, concedendo que “os dois partidos que podem ganhar eleições apresentam programas mais cautelosos”, referindo-se à AD.

Pedro Nuno apoia "Via Verde" do Governo. Ventura defende quotas de imigração

Tal como aconteceu no debate de 2024, também na TVI, André Ventura e Pedro Nuno Santos defenderam duas visões diferentes sobre quase tudo e também sobre imigração.

Pedro Nuno Santos defendeu que é preciso uma “posição moderada" sobre esta área e apoiou o programa Via Verde do Governo da AD, que entrou esta terça-feira em vigor. “Temos de falar verdade: as contribuições dos imigrantes são cinco vezes superiores àquilo que recebem da Segurança Social”, argumentou o líder do PS, antecipando a versão de Ventura.

O líder do Chega opôs-se ao programa Via Verde e acusou o antigo ministro de António Costa e atual líder do PS de ser o “grande responsável da política de bandalheira de portas abertas”, defendendo que “nunca” se devia ter acabado com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Ventura defende quotas para a imigração e que “quem comete um crime é algemado e enviado para o país dele”. Aqui, Pedro Nuno Santos defendeu que “quem comete crime em Portugal cumpre a pena no país e que o PS é contra todos os crimes”, ou seja, não discrimina se é cometido por um imigrante ou nacional. Quanto às quotas de imigrantes, o líder do PS lembrou que já existiram e que "não funcionaram".

Hugo Mendes, a pedra no sapato de Pedro Nuno e a ética do PM

Ao longo do debate, André Ventura foi usando as pedras no sapato de Pedro Nuno Santos como arma de ataque ao adversário, mas raras vezes o líder socialista deu o troco.

“Tenho à minha frente o homem que autorizou que um secretário de Estado assinasse uma indemnização e agora coloca-o nas listas” de deputados, começou por dizer o líder do Chega para atacar a competência de Pedro Nuno Santos para governar. Referia-se a Hugo Mendes, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas ligado ao aval da polémica indemnização da ex-administradora da TAP, Alexandra Reis.

Como é que Pedro Nuno Santos não geriu bem um Ministério vai gerir bem todos os ministérios?”, perguntou Ventura”. E mais à frente repetiu: “Como é que este homem geriu tão mal a habitação e vai gerir bem o país?”.

Já no final do debate, Ventura lançou nova farpa: “Pugnar pela ética e pôr o Hugo Mendes nas listas é dar um péssimo exemplo”. Pedro Nuno não respondeu a nenhuma destas provocações e acabou apenas por dizer que o Chega “não tem autoridade moral nenhuma para apontar o dedo a ninguém”.

Sobre a ética ou alegada falta dela por parte do primeiro-ministro (PM), Ventura disse que “não aceita” que um PM que enriqueça “sem se saber porquê”, salientando que “houve outro primeiro-ministro que sabemos onde foi parar”, disse, referindo-se a José Sócrates, concluindo que Luís Montenegro “tem de explicar”.

Pedro Nuno Santos regressa aos debates esta quinta-feira, frente a Rui Tavares, líder do Livre (SIC 21H00). Já esta quarta-feira, André Ventura terá pela frente Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP (CNN Portugal, 21H00).

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