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LEGISLATIVAS 2025

PS vs. Livre: Pedro Nuno dá tudo no apelo ao voto útil. Rui Tavares só não quer PS “sozinho no Governo”

17 abr, 2025 - 23:25 • Susana Madureira Martins

Debate marcado por divergências pontuais sobre medidas como a “herança social” e o programa “pé-de-meia”. Ambos os líderes mostraram que estão disponíveis para conversar no pós-eleições.

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Pedro Nuno Santos e Rui Tavares trataram-se por tu no debate desta quinta-feira na SIC e divergiram, sobretudo, em questões de governabilidade. Ao longo de todo o frente a frente, o secretário-geral do PS repetiu o apelo ao voto útil para evitar a dispersão de votos à esquerda, tese que o líder do Livre foi sempre rebatendo considerando que as pessoas “não querem” os socialistas “sozinhos” no Governo.

“Não estou a dizer para não votarem no Livre” disse a dada altura do debate Pedro Nuno Santos, para depois completar que, em 2024, nalguns círculos eleitorais, “a diferença de votos no Bloco de Esquerda e no Livre, teria permitido “ao PS ter deputados para derrotar a AD”. É por isso “tão importante” para o líder socialista que “não haja dispersão de votos”.

No apelo contínuo ao voto útil, o líder do PS ia dizendo que “o Livre tem contributos a dar e o PS está disponível para os ouvir” ou ainda, que “o Livre tem mais possibilidade de influenciar um governo do PS do que a AD”.

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Rui Tavares respondeu ao líder do PS: “Alguém acredita que, se esta história do voto útil funcionasse, o Livre, tendo menos força do que na eleição anterior em vez de ter mais, chegaria ao PS e diria que os ministros teriam de ir a uma audição prévia, alguém acredita que o voto daria força numa negociação? Não daria”.

Após sucessivos apelos de Pedro Nuno ao voto útil, Rui Tavares acabaria, mesmo no final do debate, por dizer que as “pessoas não querem ver o PS sozinho com os seus defeitos no Governo, a sua complacência, a sua arrogância no exercício de funções”.

Foi óbvio o interesse de ambos num entendimento para formar um eventual Governo de esquerda, mas até lá existem umas eleições. Tavares chegou a dizer a Pedro Nuno que “até deseja” que o PS vença as eleições à AD e que “tenha mais um voto”, mas pediu: “Não precisas de roubar 50 mil [votos] ao Livre, só precisarias de ir buscar 25 mil à AD, que é o que te faltou da outra vez”.

“Herança social” Vs. “pé-de-meia”

Uma das divergências entre os dois líderes de esquerda foi a proposta do Livre de criação da “herança social”, uma conta poupança de 5 mil euros que pode ser usada a partir dos 18 anos em contraponto com o programa “pé-de-meia” do PS que tem o mesmo princípio, mas com um valor substancialmente mais baixo de 500 euros.

É dos tais casos que, segundo Rui Tavares, “é preciso ter força [eleitoral] para as ideias serem implementadas”. Para o líder do Livre “a maior parte das pessoas não se desenrascam com 500 euros”, defendendo ainda que herança social “custa menos do que o IRS Jovem”, perfazendo um valor anual de 400 milhões de euros.

Pedro Nuno Santos considerou a proposta do Livre “mais generosa, mas mais irrealista”, aconselhando Tavares que “temos de avaliar a aplicabilidade prática das medidas”. Para o líder socialista “5 mil euros é um esforço muito grande” e não há “a certeza que sejam 400 milhões de euros por ano”, sugerindo que poderão ser mais, se a medida for implementada.

“Se o Estado tiver capacidade não há problema nenhum de nos irmos aproximando de outros valores”, assumiu o líder do PS, mas, por ora “é uma ajuda que um Estado dá dentro das capacidades. Temos de apresentar propostas realistas, para não perder a confiança das pessoas”, aconselhou.

Aconselhando ainda “cautela” na aplicação de medidas, Pedro Nuno sugeriu que o PS pode ter de vir a formar governo e “ser confrontado com a apresentação de um Orçamento do Estado e tem de fazê-lo com responsabilidade”, voltando a carregar na tecla. “O projeto do PS só poderá ser influenciado pelo Livre se o PS ganhar as eleições”.

O líder do PS comprometeu-se, entretanto, a reforçar o Complemento Solidário para idosos e “fazer aumento de pensões”, recordando que o Governo de António Costa fez seis aumentos “acima do que a lei previa”.

Averiguação preventiva – Pedro Nuno diz que denúncias anónimas têm objetivo de “intimidar”

O debate arrancou pela decisão do Ministério Público (MP)de abrir uma averiguação preventiva à aquisição de duas casas de Pedro Nuno Santos. Antes mesmo do frente a frente com Rui Tavares, o líder do PS tinha anunciado numa curta declaração à SIC, que iria apresentar um requerimento ao MP para ser ouvido sobre o caso. Já no debate, a jornalista Clara de Sousa questionou se o alvo das críticas era o MP e a resposta foi negativa.

“A minha declaração não era dirigida ao MP o MP recebe denúncias e faz o seu trabalho”, começou por dizer o líder do PS. “As denúncias anónimas tinham um objetivo, intimidar-me e um objetivo de equivalência” com o caso Spinumviva.

Pedro Nuno diz que “não existe nenhuma equivalência” e que “é um péssimo sinal” dizer que somos todos iguais. Eu não sou igual a Luís Montenegro”, sentenciou. “Não estou a receber dinheiro todos os meses de nenhum empresário, não fiz nenhum parecer favorável a nenhuma empresa de construção civil”.

Confrontado com a opinião que tem do caso em torno do líder do PS, Rui Tavares disse esperar pelo trabalho dos jornalistas e do MP e que o trabalho como dirigente do Livre “é resolver o problema das pessoas sem casa e não de quem tem a sorte de ter duas casas”.

Rui Tavares diz que este critério foi exatamente o que o guiou em relação ao caso de Luís Montenegro, mas que às tantas, após considerar não terem sido dados esclarecimentos “precisamos de não o ter como primeiro-ministro”, apelando a que o papel do Livre e o PS seja “mostrar que há uma alternativa a Luís Montenegro”.

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