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29 set, 2015 - 11:34 • Filipe d’Avillez
O bispo D. João Lavrador foi nomeado esta terça-feira bispo coadjutor de Angra, nos Açores.
O até agora bispo-auxiliar do Porto fica, assim, em posição para suceder a D. António Sousa Braga, que, com 74 anos, se aproximava da data limite para apresentar a sua resignação. D. António fará 75 anos a 15 de Março de 2016, mas tem problemas de saúde que o levaram a pedir que Roma nomeasse um sucessor.
Numa primeira reacção a esta nomeação, D. João explica que recebeu a notícia com “total surpresa e enorme confiança”, surpresa, sobretudo, por se sentir “alheio” à realidade episcopal açoriana. “Os Açores têm uma realidade muito própria, tem tradições muito próprias, tem uma riqueza de gente e de tradições religiosas que são muito próprias, às quais me sinto diferente e alheio, portanto não sentiria que seria eu o escolhido para ir agora enriquecer-me e ao mesmo tempo beneficiar de uma riqueza do passado tão belo e tão profunda como tem sido", diz o prelado à Renascença.
D. João manifesta, todavia, confiança no povo açoriano: “Que tenham a benevolência de me aceitar como eu sou, de me tornar cidadãos dos Açores.”
A diocese de Angra data do século XVI e abrange todo o arquipélago dos Açores. As dificuldades apresentadas pela geografia são uma realidade que preocupa D. João: “A realidade é essa. São nove ilhas, umas maiores outras mais pequenas, em que gostaria que tanto entre as ilhas como entre o arquipélago e o continente, o mar unisse e não separasse. Vou fazer por isso.”
De Coimbra para o Porto e, agora, para as ilhas
D. João Lavrador nasceu a 18 de Fevereiro de 1956, em Seixo de Mira, no distrito e diocese de Coimbra. Em 1967, com apenas 11 anos, entrou para o seminário, tendo sido ordenado em 1981, aos 25 anos, na Sé Nova de Coimbra.
Ao longo de três décadas de serviço na diocese de Coimbra, colaborou com a pastoral juvenil e com os escuteiros, tendo sido director do Instituto Universitário Justiça e Paz e coordenador da Pastoral do Ensino Superior. Foi ainda, a partir de 1998, capelão do Carmelo de Santa Teresa de Coimbra, onde vivia a irmã Lúcia, vidente de Fátima, que morreu em 2005.
Em 2008, quando D. Manuel Clemente era bispo do Porto, foi nomeado auxiliar, tendo sido ordenado a 29 de Junho do mesmo ano. Manteve-se no Porto depois de D. Manuel ter sido nomeado Patriarca de Lisboa, mas sai agora para uma nova missão.
Actualmente, D. João Lavrador faz parte da comissão episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Nessa qualidade, já defendeu a primazia do contacto pessoal sobre as redes sociais.
“O contacto normal é pessoa a pessoa, família a família, no contexto familiar, social, escolar, onde nos encontramos, neste sentido de comunidade, onde se desenvolvem realmente as relações. Cada vez mais temos de acentuar este sentido de contacto e de diálogo entre as gerações e mesmo no interior de cada geração, entre uns e outros. Por isso é que João Paulo II e já Paulo VI levantaram esta questão, dizendo que o jovem é verdadeiramente o evangelizador do jovem”, afirmou à Renascença em Junho de 2013.
