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Lisboa dá "Passos pela paz" este sábado

12 jul, 2024 - 06:05 • Ângela Roque

Iniciativa lançada a 1 de maio pelo movimento internacional Economia de Francisco é inspirada na viagem que o Santo de Assis fez ao Egito, há 850 anos. Carlos Figueira, que integra o movimento, falou à Renascença sobre a etapa em Lisboa e os objetivos da caminhada, que até setembro quer cumprir, em passos dados, o equivalente aos quilómetros que ligam Assis à Terra Santa.

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Está marcada para sábado, dia 13 de julho, em Lisboa, a próxima etapa de uma peregrinação pela paz, que o movimento Economia de Francisco (EF) lançou a nível internacional. A caminhada vai começar às 18h00, na Fundação Aga Khan, passa pela Mesquita de Lisboa e pela igreja de Santa Isabel, terminando no Jardim da Estrela.

Em entrevista à Renascença, Carlos Figueira, do hub português da EF, fala dos objetivos da iniciativa que em Portugal conta com o apoio da Comissão Nacional Justiça e Paz, e de como se pode participar. E sublinha: “todos podemos ser construtores da paz, individualmente, na nossa comunidade e todos os dias”.

Que iniciativa é esta prevista para este sábado, 13 de Julho, e que foi lançada pelo movimento Economia de Francisco a nível mundial? Como é que surgiu esta ideia?

É uma iniciativa que se insere nos trabalhos da EF a nível global. Já começou, já temos quase cinco milhões de passos dados, mas o objetivo serão oito milhões, que é a distância em passos entre Assis e Jerusalém. E é importante dar aqui algum contexto, porque é que a iniciativa surge: visa homenagear e, simbolicamente, reproduzir o episódio da vida de São Francisco quando, aos 25 anos, se deslocou ao Egito para falar com o Sultão, com toda a coragem que foi necessária, numa altura em que estávamos em plena quinta Cruzada, e os tempos eram, se calhar, em algumas dimensões parecidos aos que temos hoje, em que a paz é um bem cada vez mais escasso. Um dos objetivos é chamar a atenção para a importância da paz, do diálogo entre confissões diferentes, pessoas diferentes e que têm ideias diferentes.

A verdade é que este episódio particular também inspirou o Papa Francisco a escrever a ‘Fratelli Tutti’, em que apela a uma fraternidade universal.

Indo àquilo que é a nossa iniciativa em Portugal, ela insere-se num conjunto de iniciativas que tem decorrido um pouco por todo o mundo. Começou a 1 de maio, muito simbolicamente, no sentido em que este ano comemoramos os cinco anos da publicação da Carta do Papa que deu origem ao movimento Economia de Francisco. Foi nesse dia que se lançou a iniciativa a nível global.

Tivermos cerca de dez caminhadas nesse dia 1 de maio, em vários pontos do mundo, em Portugal também, com alguns jovens, e agora lançamos esta, com mais tempo de preparação.

Vai decorrer em Lisboa. Por onde é que vai passar?

O ponto de início será junto à Fundação Aga Khan, terá início às 18h00, estamos a pedir às pessoas que estejam lá antes. Partimos daí, depois passaremos pela Mesquita e pela Igreja de Santa Isabel (Campo de Ourique) e terminaremos no Jardim da Estrela, um espaço amplo, com natureza. diria que com o espírito de Assis presente.

Qual é a distância da vossa caminhada?

São sensivelmente seis quilómetros. Mas, que isso não assuste ninguém, porque podem sempre juntar-se mais à frente num outro ponto, quer seja na mesquita, quer seja na Igreja de Santa Isabel, quer seja só no fim. Já tive contacto com algumas pessoas que me dizem: "já tenho uma certa idade, se calhar prefiro fazer uma caminhada mais curta". Não tem problema: venham, participem, façam o percurso que puderem.

E não é só para os jovens, é para todos?

É para toda a gente. De salientar que temos também a colaboração da Comissão Nacional Justiça e Paz, que nos tem ajudado na divulgação e vão estar presentes. Temos comunicado com as várias confissões religiosas, vários movimentos, temos divulgado junto de paróquias e as pessoas têm aderido.

É preciso inscrição prévia para participar?

Sim, estamos a pedir inscrição, não que uma pessoa que chegar no próprio dia não se possa juntar a nós, obviamente que pode, sempre foi um requisito não excluir ninguém, contamos com todos. Mesmo que não haja inscrição, venham. Mas estamos a pedir inscrições, sobretudo por uma questão de logística.

E também por causa da contabilidade que precisam fazer?

Exatamente, há essas duas dimensões: a logística, porque se formos muitos na caminhada - e espero que sejamos - há toda uma logística que estamos a tratar, a Câmara Municipal está informada. Precisamos de ter uma noção bastante clara do número de pessoas. E depois há essa dimensão da contabilização dos passos.

Como é que isso vai ser contabilizado?

Aquilo que temos pedido às pessoas é que contabilizem os seus passos. Hoje em dia é muito fácil, temos todo o tipo de aplicações que nos permitem ajudar a contabilizar os passos. Podemos usar esse tipo de aplicações, podemos também contabilizar o número de quilómetros e fazer uma conversão para passos, que é relativamente simples. No site da Economia de Francisco Internacional está disponível um formulário onde podemos indicar qual é que foi o percurso, a descrição da caminhada, algumas fotografias.

No fim, quando atingirmos os 8 milhões de passos, irá uma delegação da ‘Economia de Francisco’ a Jerusalém. Em Setembro estará a decorrer em Itália a terceira edição da Escola de Verão da EF, e objetivo é que no fim exista uma caminhada pela paz até o Santuário franciscano della Verna (no Monte Alverne), que também é um sítio absolutamente simbólico da vida de São Francisco, e depois uma delegação da EF irá entregar aos jovens de Jerusalém um cordão franciscano, com este grande apelo para a paz.

Mas, há um convite para que as pessoas se possam organizar por si e contribuir com os passos que derem?

Exatamente. Estamos a desafiar as pessoas, cada um de nós, a organizar a sua caminhada pela paz. Pode ser simplesmente convidar um amigo e irem numa caminhada simbólica. Não tem de ser um percurso religioso, pode ser um percurso na natureza, também muito ao estilo de São Francisco.

O desafio é refletirmos sobre a paz, apelarmos à paz, e salientar muito o diálogo. É algo que também queremos promover no dia 13, não é só estarmos várias confissões religiosas presentes, mas que nos momentos de reflexão, na própria caminhada, exista diálogo entre as pessoas das várias confissões religiosas, criar alguns laços e que, de facto, haja aqui uma partilha da nossa reflexão

A sua expectativa é que muitas pessoas se juntem a estes "Passos pela Paz"?

Sem dúvida. O grande apelo é que venham, que se juntem a nós. É muito importante o contributo de todos, porque todos nós podemos ser construtores da paz, individualmente, na nossa comunidade e todos os dias.

Obviamente que sabemos que a mudança não ocorre de um dia para o outro, é um processo, e o Papa tem vincado muito isso muitas vezes no seu pontificado - porque ele é muito alguém que inicia processos, e a ‘Economia de Francisco’ é também espelho disso - muito mais do que ter as respostas já prontas, é um caminho em que vamos fazendo perguntas, em que se iniciam processos. Não é um ponto de chegada, é um ponto de partida. E é também isso que esta iniciativa é: é um ponto de partida para apelar à paz.

Deixava esse desafio de as pessoas se juntarem a nós, não só no dia 13, mas mesmo nas suas férias, que as pessoas não deixem de fazer as suas caminhadas pela paz, porque todos nós podemos ser construtores da paz nas nossas relações, seja no trabalho, seja em casa, na família, seja na nossa comunidade.

Todos devemos ser construtores da paz e isto passa pelo dia a dia. Porque muitas vezes é no dia a dia que se começam a dar os passos mais seguros para a paz.

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