19 ago, 2024 - 20:17 • Redação
Achados arqueológicos inéditos expostos no Convento dos Capuchos, em Sintra, revelam as vivências secretas dos frades franciscanos que habitaram aquele monumento durante mais de três séculos.
Uma investigação que começou em 2011 trouxe à luz objetos que surpreenderam as equipas. Além de cachimbos de proveniência holandesa, foram também encontradas peças de jogo, um prato de fazer a barba, louças em barro e faianças decoradas — como um jarro com a inscrição "Cintra" e um fragmento de uma taça onde se lê "Capuchos" .
São objetos que mostram como a comunidade franciscana foi deixando de ser tão restrita em relação às regras da ordem, ao longo dos anos. A proibição de fumar, por exemplo, é desafiada pelos cachimbos agora descobertos.
Cerca de 70 peças estão expostas, pela primeira vez, no novo núcleo museológico do Convento dos Capuchos, instalado no espaço do antigo Celeiro.
O núcleo museológico explora, precisamente, a dualidade do espaço e da vida da comunidade que o habitou: "o espírito e o corpo; o divino e o humano; o bem e o mal; a luz e a sombra; a observância e a transgressão", lê-se numa nota de imprensa da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), que gere o monumento.
Ao todo, a exposição inclui cerca de 70 peças, provenientes da investigação arqueológica e do acervo do Convento dos Capuchos, em reserva desde o ano 2000.
Após uma intervenção de restauro, está também de regresso ao convento uma escultura do Senhor dos Passos, que estava em reserva desde 2006. A peça articulada, disponível na Capela da Paixão, é um exemplo das técnicas utilizadas no século XVIII e representa Jesus Cristo a caminho do Calvário. Foram removidos repintes e preenchidas lacunas no suporte em madeira.
O Convento dos Capuchos — ou Convento da Cortiça — foi fundado em 1560 por Álvaro de Castro, conselheiro de Estado do rei D. Sebastião, com o nome de Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra. Foi abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas. Foi adquirido pelo então conde de Penamacor e, mais tarde, pelo comerciante e colecionador de arte britânico Francis Cook. Em 1949, tornou-se propriedade do Estado português.
O processo de conservação e requalificação do Convento foi iniciado em 2013, pela PSML.