14 jan, 2025 - 08:38 • João Malheiro com Lusa
O Papa Francisco lamenta o crescimento dos populismos, no texto da sua autobiografia, que está à venda em Portugal esta terça-feira.
O Santo Padre alerta para promessas que se baseiam no medo e que são, muitas vezes, o início das ditaduras. No livro, com o titulo "Esperança", o Papa lamenta ainda as guerras, defende os homossexuais e divorciados e critica os tradicionalistas católicos - ao mesmo tempo que pede um novo papel da Igreja num tempo de conflitos e incertezas.
Francisco avisa para o risco do populismo em que vários países estão mergulhados: "As promessas que se baseiam no medo, acima de tudo, o medo do outro são a censura habitual dos populismos e o início das ditaduras e das guerras. Pois para o outro, o outro és tu".
Francisco elogia o dinamismo católico em Timor-Leste, considerando-o um exemplo daquilo que será o futuro da Igreja universal.
No que respeita à guerra na Ucrânia, Francisco recorda que, no dia a seguir à invasão da Rússia, cancelou todas as audiências e dirigiu-se pessoalmente à embaixada russa na Santa Sé.
"Era a primeira vez que um Papa o fazia" e "foi um Papa claudicante que se apresentou ao embaixador Avdeev para exprimir toda a preocupação", recorda, acrescentando: "implorei o fim dos bombardeamentos, augurei o diálogo, propus uma mediação do Vaticano entre as partes, dizendo estar disposto a ir a Moscovo o mais depressa possível", mas o ministro dos Negócios Estrangeiros iria responder depois que este "não era o momento".
"O povo ucraniano não é apenas um povo invadido, é um povo mártir, perseguido já nos tempos de Estaline com um genocídio por fome, o Holodomor, que causou milhões de vítimas" e, nestes conflitos, "os interesses imperiais, de todos os impérios, não podem, uma vez mais, ser postos à frente das vidas de centenas de milhares de pessoas", acrescentou.