15 jan, 2025 - 10:11 • Aura Miguel
“O abuso de menores é um ato desprezível e atroz.”, disse o Papa esta manhã. “Não é simplesmente um flagelo social, é um crime; é uma gravíssima violação dos mandamentos de Deus. Nenhuma criança deveria sofrer abusos. Um só caso já é demais”.
Na audiência geral desta quarta-feira, Francisco considerou inaceitável esta “fratura humana e social”.
Nas metrópoles, onde a exclusão social e a degradação moral são “cortantes”, existem crianças empregadas no tráfico de droga e nas mais diversas atividades ilícitas. “Quantas destas crianças vimos cair como vítimas de sacrifício! Por vezes, tragicamente, são induzidas a tornarem-se ‘carrascos' de outros semelhantes, para além de se prejudicarem a si próprias, à sua própria dignidade e humanidade. E, no entanto, quando na rua, no bairro da paróquia, estas vidas perdidas se apresentam ao nosso olhar, olhamos muitas vezes para o outro lado”, lamentou o Papa.
Nesta audiência, Francisco recordou, de modo especial, o drama dos raptos para transplante de orgãos. “Há um caso no meu país, de um menino chamado Loa, que foi raptado e não se sabe onde está. Uma das hipóteses, é que foi levado para lhe tirarem os orgãos para fazer transplantes. Isto faz-se, como bem sabem. Alguns regressam com as cicatrizes, outros morrem. Por isso gostaria hoje de recordar este rapaz, Loa”.
“Se queremos erradicar o trabalho infantil, não podemos ser cúmplices dele. E quando o somos? Por exemplo, quando compramos produtos que utilizam trabalho infantil. Como posso comer e vestir-me sabendo que por detrás daquela comida ou daquela roupa estão crianças exploradas, que trabalham em vez de irem à escola?” O Papa pediu para não sermos cúmplices deste flagelo e apelou à responsabilidade das instituições, “incluindo as eclesiásticas e as empresas” para fazerem a diferença “transferindo os seus investimentos para empresas que não utilizam nem permitem o trabalho infantil”.
Francisco pediu também aos jornalistas “que façam a sua parte: podem ajudar a aumentar a consciencialização sobre o problema e ajudar a encontrar soluções”.
Por fim, o Santo Padre deixou mais um apelo à paz e, ao sublinhar que a guerra é sempre uma derrota, acrescentou: “Por favor, “rezem também pela conversão de coração dos fabricantes de armas porque, com o seu produto, ajudam a matar.”
A sessão desta manhã terminou com mais uma divertida exibição de circo, desta vez, com muitos acrobatas, palhaços e um alegre cão que deliciou o Papa e todos os fiéis presentes.