23 jan, 2025 - 11:37 • Aura Miguel
O Papa apelou esta quinta-feira aos líderes políticos, económicos e empresariais presentes, no Fórum Económico Mundial em Davos, para que mantenham uma estreita supervisão do desenvolvimento da inteligência artificial (IA).
Numa mensagem lida hoje no encontro anual naquela cidade suiça, Francisco elogiou as capacidades da tecnologia, sem esquecer os riscos de uma crescente “crise da verdade” sempre que a utilização destes meios é apenas centrada na eficiência. E como a utilização da IA também levanta preocupações críticas sobre o futuro da Humanidade, o Papa defende que governos e empresas exerçam uma devida diligência e vigilância.
A mensagem alerta para o perigo de a IA ser usada para promover o “paradigma tecnocrático”, segundo o qual todos os problemas do mundo podem ser resolvidos apenas por meios tecnológicos. O Papa refere que “nesse paradigma, a dignidade humana e a fraternidade são frequentemente subordinadas à busca da eficiência, como se a realidade, a bondade e a verdade emanassem intrinsecamente do poder tecnológico e económico”.
Francisco sublinha que “a dignidade humana nunca deve ser violada em favor da eficiência” e que os desenvolvimentos tecnológicos que não melhoram a vida de todos, mas criam ou aumentam desigualdades e conflitos, “não podem ser chamados de verdadeiro progresso”. Portanto, “a IA deve ser colocada ao serviço de um desenvolvimento mais saudável, mais humano, mais social e mais integral”, afirma.
O Papa acrescenta ainda que, “à medida que a aplicação da IA e o seu impacto social se tornam mais evidentes ao longo do tempo, é necessário adoptar respostas adequadas a todos os níveis da sociedade, de acordo com o princípio da subsidiariedade, com usuários individuais, famílias, sociedade civil, empresas, instituições, governos e organizações internacionais trabalhando em seu próprio nível, para garantir que a IA vise o bem de todos”.