24 jan, 2025 - 07:44 • Olímpia Mairos
O novo bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Sérgio Dinis, considera que não é a eleição e tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América que vai ditar uma nova ordem mundial.
“Estas questões já se vêm a colocar há algum tempo. Penso que a Europa necessita de fazer caminho na sua própria Defesa. E, portanto, penso que os líderes europeus já estão despertos para esta nova realidade que se vinha a desenhar já há algum tempo”, diz à Renascença, a poucos dias da ordenação epsicoal.
O próximo responsável do Ordinariato Castrense, entende que “toda a reestruturação das Forças Armadas e das Forças de Segurança na Europa tem que ser direcionada noutro sentido”.
“A Europa tem que estar mais - eu diria -, responsável pela sua própria Defesa do que estar dependente de terceiros”, aponta.
Sobre qual deverá ser o papel da NATO, D. Sérgio Dinis diz que “deverá ser o que está estipulado”, assinalando que é necessário perceber que “rumo é que toma a NATO e, mediante isso, é que, se calhar, aí os Estados Unidos vão ter um papel, digamos, fundamental no futuro da NATO. Mas deve cumprir a missão para a qual foi constituída”.
Embora vivamos tempos de alguma incerteza, nestas declarações à Renascença D. Sérgio Dinis defende que “não devemos entrar em pânico”.
“Devemos viver com alguma tranquilidade, mas, ao mesmo tempo, despertos, atentos para os desafios do futuro, mas sem grande alarme”, aponta.
Para D. Sérgio Dinis, “é necessário que os povos caminhem juntos, que busquem sempre, pelo diálogo, caminhos de paz, de justiça, porque não haverá verdadeira paz se não lutarmos por justiça. E isso é prioritário, para já. E, portanto, vamos aguardar o futuro com esperança, com ânimo, sem entrarmos em pânico, num clima de suspeita ou de insegurança. Vamos ver”.
Questionado sobre o decréscimo de candidatos às Forças de Segurança, o novo bispo começa por afirmar que ainda desconhece a fundo todo o ambiente e todo o meio das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
“Com certeza que há gente muito mais preparada, e que refletiu sobre este assunto, e que se poderá pronunciar com outra opinião mais fundamentada. Portanto, eu não gostaria, neste momento, de me pronunciar sobre um assunto que eu ainda não domino”, diz.
No entanto, entende que “a reflexão tem que ser feita num âmbito mais alargado”, exemplificando com a “falta de enfermeiros, de professores, de militares, de polícias... E, portanto, eu penso que é um problema mais abrangente da nossa sociedade, da nossa nação”.
“A seu tempo procurarei, junto de pessoas que têm procurado ver esta questão de reforço das nossas forças, quer das Forças Armadas, quer das Forças de Segurança, quais são os caminhos, as apostas que estão a fazer para o maior recrutamento de homens e mulheres para as suas fileiras”, afirma.
Na sua nova missão, o novo bispo promete “acompanhar espiritualmente cada homem, e cada mulher, que procura, neste momento, servir com dedicação e com amor o seu país, seja nas Forças Armadas, seja nas Forças de Segurança”.
“Respeitando sempre o credo de cada um e, ao mesmo tempo, numa perspetiva de escuta, de diálogo, e procurando ir sempre ao concreto, à realidade de cada homem e de cada mulher com os seus problemas reais. Esse será o acompanhamento do ser humano num serviço muito específico, que é no serviço militar, que é no serviço de defesa, nas suas situações reais, acompanhar o homem e a mulher no seu todo”, concretiza.
O novo bispo promete ser um pastor “próximo de todos”, indicando que escolheu para lema desta esta missão episcopal a frase de S. Paulo “‘Fiz-me tudo para todos’ e que procurará “ser um bispo próximo, quer das chefias, quer dos homens e de mulheres que, no terreno, procuram defender os nossos concidadãos”.
Por fim, D. Sérgio Dinis deixa “uma palavra de esperança”, convidando todos a procurarem “sempre no nosso futuro uma esperança e para os homens e mulheres que têm fé, essa esperança é Jesus Cristo. Uma esperança que, como diz o Papa Francisco, não desilude, não engana”.
O padre Sérgio Dinis da Diocese de Vila Real foi n(...)
D. Sérgio Dinis nasceu há 54 anos, em Ermelo, concelho de Mondim de Basto, e foi ordenado sacerdote em 17 de julho de 1994. É ordenado bispo este domingo, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Vila Real, numa celebração presidida pelo bispo da Diocese de Vila Real, D. António Augusto Azevedo. O patriarca de Lisboa e administrador apostólico do Ordinariato Castrense, D. Rui Valério, e o cardeal D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, serão os bispos coordenantes.
Nas primeiras declarações à Renascença, após a nomeação, revelou que “a primeira reação foi de espanto e surpresa”, a que se seguiu “um sentimento de temor”, assinalando que ultrapassado esse primeiro momento olha agora o futuro com ânimo e esperança.
“Sinto-me em paz. Sei que o Senhor não me abandonará e, por isso, vejo o futuro com ânimo e com esperança. Depois deste choque inicial, espero em breve retomar o entusiasmo e a alegria por ser pastor desta Igreja de Jesus, que me propus servir desde o dia da minha ordenação sacerdotal e que continuarei a servir alegremente, como bispo”, declara.
O prelado referiu que ser bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança de Portugal, “é uma grande honra e, ao mesmo tempo, um grande orgulho”, pois “sabemos que as Forças Armadas e as Forças de Segurança são os pilares fundamentais da nossa nação. São um exemplo de coragem, de disciplina e dedicação ao serviço público”.
Já na primeira mensagem que dirigiu ao Ordinariato Castrense, D. Sérgio Dinis prometeu exercer o seu múnus apostólico na proximidade e atenção aos mais próximos e vulneráveis.
“Estarei convosco, quer dentro das fronteiras, quer nas missões internacionais. Juntos estaremos sempre na defesa da dignidade de cada pessoa humana e buscaremos sempre a proteção dos mais frágeis e dos que estão em perigo”, afirmou.