31 jan, 2025 - 11:21 • Henrique Cunha
Natural de Arada, concelho de Ovar, monsenhor José Pereira Soares Jorge completa 100 anos no domingo, 2 de fevereiro, na Festa da Apresentação do Senhor.
Vive, atualmente, na Casa Sacerdotal do Porto e, de acordo aqueles que lhe são mais próximos, continua a apresentar “uma saudável memória” e um forte sentido de participação na vida comunitária.
Ao celebrar o centenário, monsenhor Jorge concedeu uma entrevista ao jornal diocesano "A Voz Portucalense" onde recorda o seu percurso de vida, desde a infância e do chamamento vocacional à passagem pelo setor da catequese, como primeiro responsável pelo Secretariado Diocesano e, claro, sobre a sua chegada à paroquia do Santíssimo Sacramento.
Ao desfiar as suas memórias, monsenhor Jorge recorda o papel que a sua madrinha e professora teve na decisão de ir para o seminário.
“A minha madrinha de batismo era a professora de Arada. Um dia, eu já tinha 13 anos, ela perscrutou os sinais e disse à minha mãe que eu, certamente, teria vocação para ser padre. Eu recordo muito bem essa tarde. E a mãe disse-me: 'Olha, a tua madrinha disse-me se tu não quererias ser padre ou ir para o seminário'. E eu, naquela noite, não dormi. Fiquei a pensar toda a noite no assunto. E não dormia. Mas, a certa altura, tive um pensamento: 'Eu quero o que Deus quiser de mim'.”
“Eu quero o que Deus quiser de mim. E adormeci”, enfatiza
O padre Jorge foi o primeiro responsável pelo Secretariado da Catequese da Diocese. Em 1955, quando chegou à cidade do Porto, assumiu “um cargo que não tinha sido ainda experimentado por ninguém”.
“Trabalhei na catequese cerca de 20 anos. Fizemos a preparação dos catequistas a ponto de arranjarmos cursos. Curso de catequista, curso de iniciação, curso complementar. E fizemos muitos cursos, até com os padres, na Casa de São Paulo, em Cortegaça. Foi muito interessante esse trabalho”, descreve.
Foi nessa época que encontrou uma catequista, em Entre-os-Rios, que não sabia ler. “Ela dizia-me, perante os novos catecismos, 'eu tenho uma netinha que me ajuda a ler'. E, de facto, assim foi: lá ficou a senhora, porque nessa altura a catequese era dada nas casas dos catequistas. Poucas paróquias tinham salas de catequese”, relata.
O seu percurso como sacerdote tem um outro marco importante; o tempo - 42 anos - em que foi pároco no Santíssimo Sacramento, onde chegou em 1973. “Foi um ano antes da Revolução de Abril que entrei na Paróquia como auxiliar de Monsenhor [Fonseca Soares], com muito gosto e com muita atenção, com muita alegria.”
Ali, encontrou uma paroóquia “bastante bem trabalhada e cheia de vida”, mas que se situava “numa região onde havia muitos pobres e muita gente que veio da província para trabalhar”.
A paróquia do Santíssimo Sacramento, celebra este domingo, pelas 19h00, uma eucaristia presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, dando graças pelo centenário de nascimento de monsenhor José Pereira Soares Jorge.