04 fev, 2025 - 22:24 • Fábio Monteiro com Lusa
O príncipe Aga Khan, líder dos muçulmanos ismaelitas, faleceu esta terça-feira, em Lisboa. Tinha 88 anos.
Nascido na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, com ligações ao Canadá, Irão e França, mas escolheu morar e dirigir a comunidade em Portugal.
Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, 49.º imã hereditário dos muçulmanos xiitas ismaelitas, tinha 20 anos quando se tornou o imã da minoria xiita de 15 milhões de pessoas, espalhadas por todo o mundo, sucedendo ao avô. Para os muçulmanos ismaelitas é descendente direto do profeta Maomé.
Ao longo de mais de seis décadas enquanto líder espiritual dos ismaelitas, fundou a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, hoje uma das maiores agências de desenvolvimento privadas do mundo, e empenhou-se em melhorar a qualidade de vida de populações mais vulneráveis em vários pontos do mundo, incluindo Portugal.
Discreto, tido como uma das pessoas mais ricas do mundo, Aga Khan IV nasceu a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, filho do príncipe Aly Khan e da princesa Tajuddawlah Aly Khan. Cresceu no Quénia, frequentou a Le Rosey School, na Suíça, durante nove anos, e estudou depois em Harvard, nos Estados Unidos.
Sucedeu ao avô (pela sua morte) em 1957, como líder dos ismaelitas o que o obrigou a durante vários meses viajar para conhecer as comunidades espalhadas pelo mundo, formando-se em História Islâmica dois anos depois, em 1959.
Duas vezes casado, quatro filhos, apaixonado por esqui, mas também por cavalos, criou um império empresarial que vai da banca à hotelaria, que financia projetos de desenvolvimento social, incluindo em Portugal, onde a Fundação Aga Khan existe desde 1983.
As relações com o país são bem mais antigas, mesmo do tempo da ditadura, mas estreitaram-se quando em 03 de junho de 2015 foi assinado com o Governo português um acordo para o estabelecimento da sede formal e permanente do Imamat Ismaili (instituição ou gabinete do imã dos muçulmanos) em Portugal, em Lisboa.
O príncipe foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Em 2006, a Universidade de Évora conferiu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa e, em 2009 Aga Khan tornou-se membro estrangeiro da Academia de Ciências de Lisboa.
A 9 de julho de 2018, para assinalar os 60 anos como líder dos ismaelitas, Aga Khan encontrou-se com Marcelo Rebelo de Sousa e com o primeiro-ministro António Costa e discursou no Parlamento.
Já em 2019, Portugal atribuiu-lhe a nacionalidade portuguesa.