16 fev, 2025 - 11:10 • Aura Miguel , João Malheiro
O Papa pediu este domingo aos artistas e pessoas de cultura que sejam "testemunhas da visão revolucionária das Bem-Aventuranças".
D. Tolentino Mendonça leu o texto escrito por Francisco, na Missa do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura, devido à indisponibilidade do Sumo Pontífice, internado num hospital por causa de uma infeção respiratória.
O cardeal português citou as palavras do Papa, que apontam que a missão dos artistas não se limita a criar beleza, "mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nos recantos da história, a dar voz a quem não tem voz, a transformar a dor em esperança".
"O artista é aquele ou aquela que tem a função de ajudar a humanidade a não se desnortear, a não perder o horizonte da esperança. Mas atenção: não é uma esperança fácil, superficial e desencarnada. Não! A verdadeira esperança entrelaça-se com o drama da existência humana", escreveu Francisco.
O texto foi lido na Basílica de São Pedro, e diz que, tal como a Palavra de Deus, a esperança "não é um refúgio cómodo, mas um fogo que arde e ilumina".
O Santo Padre alertou, ainda, que atualmente "erguem-se novos muros, em que as diferenças se tornam um pretexto para a divisão em vez de serem uma oportunidade de enriquecimento recíproco".
"Mas vós, homens e mulheres de cultura, sois chamados a construir pontes, a criar espaços de encontro e diálogo, a iluminar as mentes e a aquecer os corações", realçou.
Mais tarde, a homilía voltou a apelar aos artistas, desta vez para serem "guardiães da beleza que sabe inclinar-se sobre as feridas do mundo, que sabe escutar o grito dos pobres, dos sofredores, dos feridos, dos presos, dos perseguidos, dos refugiados.
"A arte não é um luxo, mas uma necessidade do espírito. Não é uma fuga, mas uma responsabilidade, um convite à ação, um apelo, um grito. Educar para a beleza significa educar para a esperança. E a esperança nunca está separada do drama da existência: ela atravessa a luta quotidiana, as fadigas da vida, os desafios deste nosso tempo".
Já o texto do Angelus foi divulgado pela Santa Sé, já que Francisco não terá disponibilidade de o ler. Além das saudações e habituais apelos à paz, Francisco dirigiu uma mensagem especial aos participantes no jubileu dos artistas e do mundo da cultura.
"Desejo saudar todos os artistas que participaram no jubileu: Gostaria de estar entre vós mas, como sabem, estou aqui no Policlinico Gemelli porque ainda preciso de tratamento para minha bronquite. Agradeço-vos o carinho, a oração e a proximidade com que me acompanham nestes dias, assim como gostaria de agradecer aos médicos e aos profissionais de saúde deste Hospital pelo seu cuidado: eles realizam um trabalho precioso e muito cansativo, apoiemo-los com a oração!", expressa.
Francisco sublinhou, ainda, que este jubileu “recorda-nos a importância da arte como linguagem universal que difunde a beleza e une os povos, contribuindo para levar a harmonia ao mundo e a silenciar cada grito de guerra