Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Justiça social. Plataforma católica pede medidas "imediatas e corajosas"

20 fev, 2025 - 16:39 • Henrique Cunha , Jaime Dantas

A CIDSE publica uma carta aberta, neste Dia Mundial da Justiça Social. A Fé e Cooperação, signatária do documento por Portugal, alerta para o "aumento alarmante da pobreza" no mundo.

A+ / A-

A plataforma católica Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade (CIDSE) reforça o apelo à implementação do Acordo de Paris, de combate às alterações climáticas, e pede alívio da dívida dos países mais vulneráveis.

A CIDSE desafia, em comunicado, “os líderes políticos, especialmente no Norte Global, a comprometerem-se” a aumentar “a ajuda ao desenvolvimento para apoiar a adaptação às alterações climáticas e a erradicação da pobreza no Sul Global”.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui

À Renascença, Ana Patrícia Fonseca, da Fé e Cooperação, associação que assina o documento por Portugal, admite que “será difícil” cumprir com este objetivo, já que “assistimos a uma tendência de os países fecharem-se em si mesmos, num sentido de protecionismo e abandono da solidariedade global”.

A representante diz que é exatamente por este contexto que é o momento de “trabalhar no sentido contrário, criando um movimento da vida digna”.

Citando o relatório da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano, Ana Patrícia Fonseca alerta que assistimos a um “aumento alarmante das disparidades globais”.

“Estas bolsas de pobreza aumentam os conflitos, a instabilidade global e abrem espaço para o crescimento de movimentos populistas”, alerta.

Por isso, o documento publicado neste Dia Mundial da Justiça Social apela “aos líderes políticos, económicos e sociais para que enfrentem as duras realidades do nosso tempo e tomem medidas imediatas e corajosas”.

Multilateralismo deve ser reforçado

Ainda neste sentido, e uma vez que os países do sul estão a dar “sinais de uma resiliência notável”, a carta assinada por associações católicas de todo o mundo pede que seja perdoada a dívida das nações mais pobres, que é neste momento um entrave ao seu crescimento.

A Fé e Cooperação chama ainda à atenção para a necessidade de “um compromisso forte com o combate às alterações climáticas”, cujos principais afetados serão “os mais pobres, que são os que menos contribuem para o fenómeno”.

Para isso, defende Ana Patrícia Fonseca, é preciso “reinventar a ordem mundial”. “É a altura de fazer uma reforma do sistema das Nações Unidas para que o multilateralismo possa efetivamente ganhar terreno”, diz.

A CIDSE tem as suas raízes no Concílio Vaticano II. Durante a sua sessão final em 1965, os cardeais Frings, Alfrink e Suenens, sensibilizados pelos apelos dos bispos da América Latina, África e Ásia, chegaram a um consenso para estabelecer uma nova rede de organizações católicas. Estas organizações seriam dedicadas ao combate à fome e às doenças, como uma expressão da solidariedade global da Igreja. A sua visão era de colaboração, justiça e ação.

Em Portugal é signatária da CIDSE a Fundação Fé e Cooperação (FEC), uma organização não-governamental para o desenvolvimento, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, que tem como missão promover o desenvolvimento humano integral. Criada em 1990, atualmente tem intervenção em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+